A partir de janeiro de 2026, todos os veículos que circularem nas estradas espanholas vão ter de substituir o tradicional triângulo de emergência por um pirilampo luminoso conectado, que dá alerta em caso de acidente. O V-16 Help Flash, fabricado pela empresa espanhola Netun Solutions, pode ser afixado no tejadilho do carro com um íman e envia a geolocalização do carro às autoridades, graças à rede NB-IoT (Narrowband Internet of Things) da Vodafone. “Consiste num equipamento capaz de sinalizar a presença de veículos imobilizados na berma da estrada, avariados, e de emitir a sua localização às entidades responsáveis pela prestação de socorro”, descreveu o gestor de vendas IoT da Vodafone Portugal, Mário Peres, ao Dinheiro Vivo. “Esta solução substitui o velhinho triângulo que continuamos a usar em Portugal.”Além de permitir sinalizar emergências em locais remotos que podem não ter cobertura de rede móvel, o Help Flash também evita que a pessoa tenha de sair do carro para colocar o triângulo na estrada, uma situação perigosa por causa dos veículos que continuam a circular. “Há estudos que indicam que há uma percentagem elevada de acidentes de pessoas que, saindo do carro, são afetadas pelo próprio trânsito”, referiu Mário Peres. Esta inovação é um reflexo de como a conectividade pode alterar o quotidiano de forma substancial, tornando a gestão das estradas e dos serviços de emergência mais eficientes. Para Mário Peres, demonstra o potencial da IoT na indústria automóvel, um dos sectores em que as comunicações veículo-a-veículo e veículo-a-interface estão prestes a mudar a forma como conduzimos — tal como já acontece em várias cidades dos Estados Unidos, onde robotáxis transportam pessoas sem condutor. Mas o especialista aponta para várias outras áreas onde os avanços da IoT estão a fazer a diferença. “Uma a que sou particularmente sensível é a área da saúde. Multiplicam-se as soluções para motorização remota de doentes crónicos, como a diabetes, hipertensos, apneia do sono, ou os doentes que recorrem pontualmente à hospitalização domiciliaria, entre outros”, indicou. “Estas soluções trazem simultaneamente grandes melhorias para a qualidade de vida dos pacientes, reduz o esforço despendido pelos profissionais de saúde, bem como os encargos com o seu tratamento, na medida em que evitam o menor recurso às urgências.”Peres também falou da agricultura, onde estão a surgir soluções de otimização de regas, aplicações de adubo e pesticidas e controlo de pragas, com o objetivo de garantir sustentabilidade e a qualidade dos solos. “Temos esses casos em Portugal, casos espetaculares de que nos orgulhamos”, referiu. “Passaram de uma agricultura que já não chamo agricultura de precisão, eu já chamo uma agricultura de otimização, porque recorrem a tantos parâmetros que já conseguem escolher e selecionar aqueles que lhes trazem efetivamente benefícios.”Estas inovações seguem o exemplo da indústria, que esteve na linha da frente da adoção da tecnologia ao longo dos anos ao implementar sensores no chão de fábrica e abraçar a Indústria 4.0. “Tanto tarefas repetitivas como críticas podem ser geridas remotamente, com maior precisão e uma menor margem de erro”, referiu Peres. “Isto é particularmente relevante em sectores como a indústria, a logística, a energia ou a agricultura.”O especialista reiterou que a sensorização e a conexão dos dispositivos veio permitir “transformações significativas” nos sectores, já que a recolha de dados em tempo real permite otimizar processos, reduzir custos e aumentar a segurança operacional. “E do ponto de vista estratégico, a IoT veio permitir às empresas reinventar os seus modelos de negócios”, salientou. Mário Peres deu o exemplo de empresas que até aqui se basearam no fabrico de produtos físicos. Agora, podem converter sua atividade em serviços que são baseados em desempenho ou em utilização e conseguem personalizar as experiências dos clientes, graças à análise dos dados gerados pelos seus próprios dispositivos.“Isso veio, de facto, modificar o tecido empresarial e está a ser transversal a todas as áreas de atividade.”