Portuguesa Elecctro internacionaliza sistema inovador que conecta máquinas self-service

Portuguesa Elecctro internacionaliza sistema inovador que conecta máquinas self-service

O sistema desenvolvido pela empresa portuguesa Elecctro para conectar máquinas ‘self-service’ vai ser vendido na Europa, a começar pelo mercado espanhol, disse ao Dinheiro Vivo o CEO Diogo Simões. 
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“Estamos neste momento a iniciar a internacionalização para Espanha”, avançou o responsável, revelando que o sistema da empresa já opera em 25 mil máquinas em território nacional e está certificado na rede de pagamentos da SIBS. 

“O que nós fizemos foi substituir os nossos maiores concorrentes, que eram internacionais, em Portugal. Nós tornámo-nos na solução de referência e somos atualmente líderes”, descreveu o executivo. “Agora estamos na fase inicial de replicar esses processos no mercado espanhol, que tem clientes com o mesmo perfil e com o mesmo nível de necessidades.”

Os clientes são os operadores que exploram comercialmente máquinas não atendidas, o que pode ser desde vending a lavagens automáticas, carregadores elétricos, quiosques, cabines de fotos ou lavandarias self-service, entre outras. O que a Elecctro concebeu é uma plataforma de soluções IoT (Internet das Coisas) 100% proprietária e baseada na cloud para estes sistemas, que adiciona pagamentos cashless e permite gerir tudo remotamente. 

“Nós temos um equipamento que garante a retrocompatibilidade e conseguimos controlar e gerir essas máquinas”, explicou o CEO. Isso significa que qualquer máquina, mesmo antiga, pode ser conectada através da plataforma da Elecctro. “Desde que tenha os protocolos standard, qualquer máquina que esteja funcional poderá ser equipada com uma plataforma tecnológica que lhe dê não só conectividade, mas serviços de valor acrescentado”, descreveu. “A máquina mais antiga de venda em que estamos a funcionar atualmente é uma máquina de café com 21 anos.”

O equipamento garante uma comunicação bidirecional em tempo real com a plataforma na cloud, onde a empresa portuguesa criou verticais de serviços de valor acrescentado para ajudar os clientes a melhorar os fatores críticos de sucesso: aumentar as vendas, reduzir as perdas e otimizar os custos operacionais. O serviço de comunicação é assegurado pela Vodafone. 

Os três principais verticais que a Elecctro trabalha são os pagamentos cashless, a gestão operacional e telemetria (o que inclui otimização de rotas, gestão de dinheiro, gestão de manutenção primitiva e de produtos) e ainda analítica de dados para suporte à decisão. 

A versão usada até agora é constituída por um modem Android que fica dentro da máquina e um terminal de pagamento no exterior. A Elecctro  aproveita os sensores do dispositivo – câmara frontal, câmara traseira, acelerómetro, giroscópio, sensor de proximidade, 3G, 4G, Bluetooth e a  capacidade de armazenamento e processamento para “criar o máximo de inteligência possível.”

Mas a empresa está a evoluir para uma versão com tudo integrado. Trata-se de uma nova geração de terminais de pagamento Android que permite fundir os dois equipamentos, garantindo as mesmas funcionalidades com uma facilidade de instalação maior para o cliente. 

“E para nós também com um potencial muito maior a nível de internacionalização, porque precisamos apenas de adquirir o terminal de pagamento, são menos peças, é mais fácil a nível de exportação”, indicou Diogo Simões. “Estamos agora nessa fase de evolução.”

O plano é internacionalizar através de parcerias estratégicas a nível comercial e operacional, com foco no Reino Unido, Alemanha, Itália e França, além de Espanha, onde terão equipas comerciais próprias. 

O executivo disse que a vantagem da Elecctro face à concorrência é ser uma “one-stop-shop”, com muitas funcionalidades integradas numa única solução. 

“Esta vertente de ter os pagamentos e de ter a parte de gestão operacional toda completa não é uma abordagem muito recorrente”, salientou. Uma das funcionalidades novas mais recentes é a capacidade de atualizar preços remotamente, o que resolve em minutos algo que levaria muitas horas e deslocações físicas se fosse feito manualmente. 

Outra função interessante é a analítica de dados, que permite identificar os picos de venda, comparar com períodos homólogos, perceber quando é preciso repor trocos, repor stock ou fazer manutenção preventiva. Agregando as várias ações necessárias a fazer, o cliente pode otimizar a deslocação e gerir a máquina da forma mais eficiente. 

“O ponto-chave aqui é a conectividade”, disse Diogo Simões. “É ter dados que nos chegam de forma completa e proativa, com a recorrência necessária para nós conseguimos gerir melhor o nosso negócio.”

A Elecctro deverá chegar ao final do ano com uma equipa de 37 pessoas e está a fazer uma ronda de financiamento semente. O seu modelo de negócio é a venda do equipamento e uma subscrição mensal que paga tudo, desde os serviços de comunicação fornecidos pela Vodafone ao suporte e manutenção. 

“Nós vivemos numa era incrível, realmente, em que a evolução tecnológica é super acelerada e nas comunicações móveis temos assistido a isso, em que passarmos de um GPRS em um 2G, já vamos num 5G”, notou o responsável. “O volume de dados já não é o tema. O tema é a disponibilidade da rede e já não estamos numa era em que andamos a contar megabytes. Isto veio, como é óbvio, abrir portas para que estes negócios pudessem realmente investir neste tipo de conectividade.”

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