A grande cadeia norte-americana Target é a mais recente adesão à aplicação de compras do ChatGPT, numa altura em que a OpenAI está a investir fortemente no retalho. A nova parceria entre as duas empresas permitirá aos clientes da Target conversar de forma natural dentro da aplicação, pedir opções de roupa, café, marcas de detergente ou qualquer outro produto e adicionar diretamente ao carrinho de compras. Esta novidade vem no encalço de parcerias com a Etsy, Shopify, Expedia e Zillow para usar o ChatGPT na experiência de compra. É um sinal de que o retalho será a próxima fronteira da IA generativa, depois de vários anos em que Silicon Valley se vem aproximando cada vez mais do segmento. Este tipo de inovações acontece numa era em que os consumidores estão permanentemente online e exigem experiências personalizadas, instantâneas e omnicanal. A Walmart já tinha anunciado uma parceria com a OpenAI para otimizar a experiência do consumidor e lançou novas funcionalidades a tempo das compras de Natal. Estas incluem descrições de produtos por áudio, planeamento de festas com o assistente virtual Sparky e uma função chamada Showroom Dinâmico, que permite ao cliente visualizar mobiliário em diferentes espaços. Também a Amazon tem um assistente digital chamado Rufus, que é usado por 250 milhões de clientes anualmente e leva, segundo dados recentes da gigante, a que a probabilidade de conversão suba 60%. A chave para o retalho neste momento é a mistura entre soluções digitais e soluções para espaços físicos, já que os clientes esperam uma experiência homogénea entre ambos – e muitas vezes usam os seus dispositivos dentro das lojas para aceder a ofertas, procurar produtos e tirar partido do retail media que estão a ver. Para as retalhistas, o uso de tecnologias permite saber como adaptar as estratégias ao tipo de consumidor que as procura em cada momento. “Na parte do retalho, há algumas soluções com base em câmaras inteligentes, em que é possível criar ‘heat maps’ que permitem identificar períodos ou zonas de maior concentração de pessoas, onde é que as pessoas circularam, a que horas é que precisamos de adaptar aqui os serviços e a reposição”, explicou a diretora de Produtos e Serviços da Vodafone Business, Filomena Pereira. É um exemplo de combinação entre Internet das Coisas, analítica de dados e IA para tornar o retalho mais apelativo, algo que se vê em grandes espaços em Portugal. Por exemplo, nos centros comerciais Colombo, Vasco da Gama e NorteShopping, há soluções de sensores e videovigilância que permitem analisar os fluxos de visitantes em tempo real. “A partir daí, podemos melhorar a segmentação de audiências para as marcas, impulsionando a evolução do retail media (ou seja, dos formatos de comunicação junto a pontos de venda) e tomar as decisões da operação do centro de forma mais dinâmica e eficiente”, explicou Inês Drummond Borges, Chief Transformation Officer da Sonae Sierra, que gere os centros. “Assim, ajustamos iluminação, climatização ou manutenção de forma ágil, reduzindo o desperdício e garantindo a qualidade.”A responsável disse que as soluções de IA “são hoje instrumentais” para a visão dos ecossistemas de retalho que a empresa quer criar. Isso inclui o aplicação de tecnologia para segmentar audiências, reforçar hábitos de visita, criar experiências mais convenientes, personalizadas e envolventes, e desenvolver iniciativas de fidelização. “A IA alavanca ainda o valor que trazemos às marcas de lojistas e não lojistas presentes nos ativos que gerimos, amplificando a visibilidade, o impacto e os resultados das suas iniciativas”, referiu. Um resultado visível para o consumidor: a app do centro comercial tem serviços que reduzem a fricção na visita e oferece benefícios a cada 100 euros de compras acumulados. “Desta forma, transformamos a relação do consumidor com o centro comercial de uma puramente presencial para uma experiência verdadeiramente omnicanal, aumentando a frequência de contacto, criando novos hábitos de visita e reforçando a fidelização.”