Brasil faz leilões para a exploração de petróleo no norte e nordeste

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O Brasil, após cinco anos da descoberta do pré-sal, vai leiloar na terça e quarta-feira 289 áreas para exploração de petróleo no norte e nordeste do país, a que concorrem as petrolíferas portuguesas Galp e Partex e a angolana Sonangol.

No total, 71 companhias de 21 países irão disputar estes blocos petrolíferos que têm uma reserva estimada de 9,1 mil milhões de barris, no primeiro leilão organizado no Brasil desde 2008 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

As companhias interessadas são a BG, Chevron e Petrobras, além de Exxon Mobil, Royal Dutch Shell, a norueguesa Statoil, a espanhola Repsol, a chinesa CNOOC, a BP Group da Grã-Bretanha, a australiana BHP Billiton e a Sonangol, de Angola.

Segundo a lista divulgada pela ANP, participam também no leilão as portuguesas Petrogal, da Galp Energia, e a Partex Brasil, da empresa da Fundação Gulbenkian.

Contactada a Galp, fonte da empresa referiu que iria concorrer ao leilão sem, no entanto, referir a quais blocos. Quanto à Partex, ainda não foi possível obter um comentário.

O leilão será centrado em áreas a explorar na região norte e nordeste do Brasil.

Este 11.º leilão "é um evento importante porque o setor estava paralisado desde 2008-2009", sublinhou o especialista no setor petrolífero Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestruturas, no Rio de Janeiro.

"O que diferencia este 11.º leilão de ofertas é que visa a descentralização da produção de gás e de petróleo no Brasil. Os blocos propostos estão em dez estados das regiões norte e nordeste, onde a produção não existe ou ainda estão na sua infância, e somente um na região sudeste", explicou à AFP o diretor da ANP, Hélder Queiroz.

Várias empresas estrangeiras estão particularmente interessadas nos blocos da região amazónica -- que tem 7,5 mil milhões de barris de reservas estimadas -, porque as suas condições geológicas são similares ao Golfo da Guiné, uma região rica em petróleo.

O 11.º leilão "oferecerá blocos terrestres, no mar e em águas profundas para grandes e pequenas empresas. Mistura igualmente bacias maduras, como a de Potiguar (Ceará), com bacias da nova fronteira, como a da Foz do Amazonas (na Amazónia), que deverá ser uma das mais disputadas", disse Queiroz.

Os blocos, sendo 166 no mar - 94 em águas pouco profundas e 72 em águas profundas - e 123 em terra, totalizam uma superfície de 155.800 quilómetros quadrados em onze bacias sedimentares.

Segundo o cenário mais otimista da ANP, o leilão poderá render 1,8 mil milhões de dólares (1,38 mil milhões de euros), de acordo com o jornal O Globo.

O investimento mínimo exigido das companhias para a primeira fase de exploração dos blocos - de cinco a oito anos -- é de 1,5 mil milhões de dólares (1,15 mil milhões de euros).

As companhias serão submetidas a um modelo de concessão em vigor desde 1997, em que assumirão os riscos da exploração e reverterão royalties para o Estado.

Os sindicatos brasileiros da área do petróleo vão realizar protestos nestes dois dias de leilão.

"Nós interpusemos um recurso contras os leilões que visam entregar os nossos recursos naturais às multinacionais", declarou à AFP Manuel Cancela, presidente da Sindipetro.

O Brasil procura agora, com estes leilões, preencher o atraso acumulado desde a descoberta em 2008 das reservas em águas profundas, o pré-sal, ao largo dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

Se for confirmada a estimativa do Governo brasileiro de produção de 40 mil milhões de barris na área do pré-sal, isso fará do país um dos maiores produtores mundiais.

O Brasil é um dos principais territórios no mundo onde a Galp espera aumentar a sua presença nos próximos anos, estando presente no país desde 1999. A petrolífera portuguesa está presente em cerca de 20 projetos em parceria com a Petrobras, entre os quais o campo Lula, na Bacia de Santos, onde estão uma das maiores reservas mundiais de petróleo no alto mar (offshore). Em terra (onshore), a Galp opera em vários blocos nas bacias de Potiguar e de Sergipe-Alagoas.

A Partex, empresa da Fundação Gulbenkian, possui uma presença no Brasil desde 2001 em cinco blocos petrolíferos em quatro bacias sedimentares: Potiguar, Bacia de Santos, Sergipe-Alagoas e Espírito Santo.

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