Brasil lança maior leilão de redes de transporte de energia

EDP e Galp poderão vir a participar neste leilão, que permitirá, segundo o ministro, uma "ampliação de investimentos brutais em energias eólicas e solares no nordeste brasileiro", já que as linhas de transmissão passam por várias regiões.
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O ministro da Energia e Minas do Brasil anunciou hoje que o maior leilão de redes de transporte de energia de sempre do país vai ser lançado na sexta-feira e permitirá criar 200 mil empregos, diretos e indiretos.

Alexandre Silveira disse, em entrevista à Lusa, que este é "o maior leilão de linhas de transmissão, num pacote de 56 biliões de reais [10,59 mil milhões de euros]", havendo mais de 20 players que têm "a possibilidade real de participar desse leilão" na Bolsa de São Paulo.

Questionado se haverá empresas portugueses neste leilão, o ministro disse esperar que sim e adiantou que "a EDP foi convidada", realçando que a empresa é já um interveniente importante do mercado brasileiro na área da geração e distribuição e já estuda a possibilidade de entrar no transporte, e também a Galp está a estudar alguns projetos.

Segundo o governante brasileiro, "estes leilões irão permitir criar mais de 200 mil empregos, entre diretos e indiretos", além de possibilidades de uma "ampliação de investimentos brutais em energias eólicas e solares no nordeste brasileiro", já que essas linhas de transmissão passam por várias regiões.

A estabilidade democrática, a garantir de respeito pelos contratos foi destacada pelo ministro no contexto do incentivo ao investimento, mas também o papel crucial do país nesta era da transição energética.

O Brasil "é um país central no debate da transição energética", sublinhou, e por isso trabalha "num futuro breve duas grande frentes - a distribuição, trazendo carga para o sudeste, e a exportação dessa energia através das fábricas de hidrogénio verde do nordeste para todo o mundo".

Essa importância resulta não só da sua dimensão mas de outras vertentes, como um nível de insolação muito acima da média mundial, em especial na região do norte, Minas Gerais e na região nordeste Brasileira, e "pelas nossas potencialidades minerais", declarou.

"É impossível falar-se em transição energética sem minerais críticos, sem minerais estratégicos, em terras raras, em especial o lítio, o nióbio que são muito encontrados, em grande dimensão, no Brasil", lembrou Alexandre Silveira.

"Portanto, estamos a desenvolver um conjunto de políticas públicas e a apresentar ao mundo, para que possamos debater não só a atratividade do capital internacional" mas para o Brasil poder "contribuir além do que já contribuí", referiu o ministro, lembrando a matriz energética no Brasil.

"O Brasil tem 87% por cento de energia elétrica limpa, 50% da sua matriz limpa, comparativamente com 15% do mundo", sublinhou, e é por isso "um grande foco de uma possibilidade real, em especial agora na era do hidrogénio verde".

O ministro brasileiro revelou também que o Governo do Presidente Lula da Silva está a trabalhar para estabelecer uma estrutura regulatória para a energia eólica no mar e o hidrogénio verde até o final deste ano.

"Estamos a fazer um marco regulatório que seja atrativo para o mundo", apelando para que nas relações com Portugal e com a União Europeia se saia "do campo do discurso e das ideias" para partir "para o campo efetivamente do estímulo dos países desenvolvidos para que nós [Brasil] possamos limpar a matiz energética mundial".

Se isso acontecer, "o Brasil pode ganhar muito e dar uma grande contrapartida nessa área para o mundo, e o mundo nos ajudar para termos uma sociedade melhor", sustentou, lembrando os problemas sociais que o seu país ainda tem que resolver.

Realçando que esteve numa missão oficial acompanhando no Presidente Lula pela Europa, na qual tiveram a oportunidade de demonstrar as grandes potencialidades do Brasil e sua importância para o mundo além da segurança alimentar também na segurança energética, os grandes temas em debate e desafios da década.

O ministro de Minas e Energia do Brasil esteve em Lisboa para participar na XI edicão do Fórum Jurídico de Lisboa, um evento de três dias que terminou esta quarta-feira.

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