Brasil queria regulamentar trabalho escravo. Wagner Moura não deixou

A lei que queria regulamentar o trabalho escravo no Brasil acabou por ser retirada, muito por causa da pressão do ator Wagner Moura.
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A tentativa de regulamentar o trabalho escravo pela Bancada Ruralista, para evitar a perda de imóveis, que seriam confiscados, por todas as explorações agrícolas onde se verificasse estas práticas, não passou no congresso brasileiro.

Os representantes das explorações agrícolas brasileiras no Congresso Nacional queriam que a proposta fosse votada com caráter de urgência no plenário, mas a pressão vinda de vários setores da sociedade civil fez com que o projeto fosse retirado da votação e obrigado a passar por todas as comissões do Senado, nomeadamente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), explica a revista Exame.

Uma dessas pressões veio do ator Wagner Moura, embaixador da Organização Internacional do Trabalho (OIT). "Aqui no Brasil, a nossa definição de trabalho escravo – qualquer sujeito que trabalhe forçado, trabalhe por dívidas, e especialmente, que é o que caracteriza a escravidão moderna, o cara que trabalhe em situação degradante e em jornada exaustiva, essa pessoa é considerada um escravo. E é justamente esses dois pilares da nossa definição que, sorrateiramente, estão sendo retirados na regulamentação da lei”, explica o ator.

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O protagonista da série de sucesso da Neflix, Narcos, que destacou que o trabalho forçado no mundo gera um lucro ilegal de 150 mil milhões de dólares, enviou ainda uma carta ao presidente do Senado, Renan Calheiros, em que pede que este "não permita a concretização dessa manobra e que antes de colocar o projeto em votação, faça as necessárias consultas públicas a respeito desse tema."

A urgência da votação da lei surgiu porque os casos de escravatura são uma constante nas explorações de pecuária (29%), produção de cana-de-açúcar (25%) e na colheita de lavouras (19%), as mesmas de onde têm sido resgatados mais trabalhadores entre 2003 e 2014, segundo dados da ONG Repórter Brasil, que combate a escravidão no Brasil, segundo a Exame.

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