Nascida em 2017 nos Estados Unidos da América (EUA), a bTd Travel, uma plataforma que agrega diversas opções de viagens corporativas e de luxo, acabou por enveredar numa jornada inesperada quando a pandemia chegou em força em 2020. Mesmo durante o período conturbado de restrições, a startup foi capaz de adaptar o seu modelo de negócio às novas necessidades do mercado, o que se traduziu na chegada à Europa em 2022 e no lançamento oficial em Portugal no passado mês de novembro.
Na sua génese, o objetivo era ajudar pequenas e médias empresas (PME) a aceder a melhores condições de viagens internacionais para os seus colaboradores e o negócio percorreu um trilho de progressão até 2019, com crescimentos de dois dígitos. No entanto, em março de 2020, a covid-19 parou o mundo e fez colapsar o turismo, o que acabou por levar a empresa a voltar-se para o segmento de luxo. Atualmente, a bTd Travel é um concierge para todas as coisas luxuosas: de viagens de jato ao aluguer de carros de luxo, passando pelas acomodações e pelos iates. A plataforma permite aos seus membros viver experiências diferenciadas, tudo através de uma aplicação, mantendo o segmento de viagens empresariais.
Apesar de ter surgido nos EUA, rapidamente entrou também no mercado brasileiro, oportunidade que surgiu no momento a que Manoel Suhet, CEO da bTd Travel, se refere como "o céu do inferno": o mercado de viagens parecia imobilizado, com a aviação comercial a cair mais de 80% e a startup americana com quebras de 56%.
A luz ao fundo do túnel surge quando o empresário se apercebe do crescimento de 113% na utilização de jatos privados - que não estavam sujeitos a restrições de quarentena -, e decide aprimorar a componente de concierge da plataforma, abrindo-se ao mercado de luxo. Depois de alguma turbulência, a startup começou a planear a sua expansão intercontinental e aterrou, em 2022, na Europa, onde escolheu Portugal para primeiro mercado no velho continente.
"Entre EUA, Brasil e Portugal, existe uma procura de viagens turísticas e corporativas muito grande, forma-se um triângulo atlântico", explica o responsável da bTd, sublinhando a importância do território nacional no panorama da concretização da expansão europeia.
Além do posicionamento estratégico, o retângulo à beira-mar plantado também é considerado por Suhet como um berço da startup, que conseguiu o seu primeiro financiamento, no valor de um milhão e meio de dólares, através de um family office nacional que juntou investidores dos três países.
Não obstante a ainda expressão reduzida do mercado luso na operação da empresa, apenas 10%, o diretor executivo perspetiva que se venha a tornar "um dos principais, considerando a sua dimensão", podendo vir a conquistar terreno às restantes geografias, EUA e Brasil, que representam, respetivamente, 70% e 20%.
A partir de Portugal, a startup vai continuar a apostar no crescimento, estando já a decorrer uma segunda ronda de investimento, que visa atrair fundos já pensando no alargamento a uma outra iniciativa de atração de capital, que deverá ocorrer em 2025. Quanto a próximos passos, a cronologia está já bem delineada: ao longo do próximo ano, prevê-se a entrada em mais quatro mercados, designadamente Espanha, Suíça, Reino Unido e Canadá, além da contínua expansão nos EUA e também no Brasil.
A startup já conta com 1500 clientes, uma equipa de 19 colaboradores, dois em terras lusas, e com um histórico de crescimento a dois dígitos, mesmo no pós-pandemia. Em 2022, conseguiu quatro milhões de dólares em vendas, sendo que a meio de 2023 já estava 15% acima do ano anterior. Para fechar este ano, e sem contar ainda com a entrada de Portugal na operação, o CEO prevê chegar "a mais de seis milhões de dólares em receitas".