
Um cabaz com 41 alimentos essenciais, onde se inclui produtos como frango, peru, carapau, cebola, batata, leite e arroz, entre outros, custa atualmente 145,32 euros, menos 4,61 euros (quase cinco euros) do que a 10 de janeiro, quando já estava em vigor a taxa de 6% nos bens essenciais. Desde 5 de janeiro, quando foi reposto o IVA nos produtos mais relevantes para a dieta alimentar portuguesa, que a evolução dos preços tem apresentado alguma inconstância, mas a tendência aponta agora para uma descida, conclui-se pela análise dos dados fornecidos pela Deco Proteste.
O barómetro realizado por esta empresa permite verificar que o primeiro impacto do fim do IVA Zero, medida que visou apoiar as famílias num momento de forte escalada da inflação, foi de aumento de preços. Nos primeiros cinco dias, o custo do cabaz de 41 alimentos registou uma subida de quase sete euros, mas a partir daí tem vindo a descer. A exceção foi a última semana do mês passado, quando aumentou pouco mais de um euro. É uma trajetória que poucos esperavam. Ainda assim, o cabaz está mais caro dois euros quando comparado com os 143,28 euros que custava nas vésperas do fim do IVA Zero.
O azeite virgem extra é o produto que mais tem encarecido. Na véspera do fim da medida governamental custava 7,52 euros e esta quarta-feira já apresentava um preço de 11,91 euros, ou seja, mais 58%. Entre os alimentos cujo preço aumentou de forma significativa desde 4 de janeiro destaca-se o iogurte líquido (mais 30%), a alface frisada (29%), a curgete (27%) e os brócolos (26%).
Já a análise da Deco Proteste à última semana (31 de janeiro a 7 de fevereiro) permite verificar um incremento de 14% no valor do iogurte líquido, de 13% no azeite virgem extra, de 8% nas ervilhas congeladas e de 6% no esparguete e pão de forma. De sublinhar que num espaço de um ano, terminado a 3 de janeiro de 2024, o custo deste cabaz de 41 bens essenciais teve um incremento de quase dez euros.
Aliás, quando o Governo avançou com a medida do IVA Zero para 46 produtos para combater o efeito da inflação nos rendimentos das famílias, o preço do cabaz analisado pela Deco Proteste ainda não tinha atingido os valores a que estão hoje. Segundo os dados desta empresa, foi a 15 de março do ano passado que se registou o preço mais elevado, 142 euros, tendo a partir desta data entrado numa trajetória ligeiramente descendente.
Efeitos da guerra
O início do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, teve um impacto significativo na evolução dos preços dos bens alimentares. Afinal, a Ucrânia é o maior exportador mundial de óleo de girassol, o terceiro maior exportador de cevada, o quarto maior de milho e o quinto maior de trigo. Os preços dos alimentos, que já subiam desde meados de 2020 (ano da pandemia), dispararam.
Segundo a análise da Deco Proteste a um conjunto de 63 produtos, entre a véspera do início da guerra e o dia 7 de fevereiro deste ano que o preço deste cabaz mais alargado registou um incremento de 53,4%, ou seja, custava 183,63 euros a 23 de fevereiro de 2022 e agora para adquirir estes bens são necessários 237,98 euros. Os maiores aumentos registaram-se nos artigos de mercearia, que subiram neste espaço temporal quase 19%, e no peixe, que encareceu 16%. Também o preço da carne conheceu uma subida de 8,3% e a fruta e legumes de 5,7%.
Neste cabaz de 63 produtos verificou-se que alguns apresentaram uma subida de custo histórica no último ano. Entre 8 de fevereiro de 2023 e a última quarta-feira, o azeite virgem extra aumentou 78%, os cereais subiram 57%, as salsichas Frankfurt dispararam 46%. A lista continua: mais 21% nos flocos de cereais e nas cebolas, 20% na maça golden, 17% no iogurte líquido, 16% na batata vermelha.