Café Joyeux, há quase dois anos a criar alegria e a integração laboral da diferença

Conceito importado de França, os Joyeux são os primeiros cafés-restaurantes solidários inclusivos existentes em Portugal, que empregam jovens adultos com dificuldades cognitivas e de desenvolvimento. Hoje há já quatro no país.
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A ideia era aplicar ao mercado de trabalho o conceito da Vila Com Vida, associação de que é presidente executiva, mas depois Filipa Pinto Coelho descobriu que já havia algo equivalente em França. Contactou os fundadores e importou para Portugal o Café Joyeux, estabelecimento
vocacionado para empregar e dar formação a jovens com dificuldades cognitivas. Hoje são já quatro a operar na zona de Lisboa, mas a CEO da Joyeux Portugal espera expandir o conceito logo que possível para o resto do território nacional. E embora os Cafés Joyeux sejam empresas sustentáveis, na vertente de formação continuam a contar com o apoio dos seus parceiros sociais, como é o caso da Fundação Santander, mecenas que atribui grande valor à educação e inclusão.

"Este projeto existe em Portugal desde 2021", conta Filipa Pinto Coelho, concretizando que foi em novembro que abriu o primeiro Café Joyeux, no n.º 26 da Calçada da Estrela, mesmo frente à Assembleia da República, em Lisboa.

Esta "é a primeira família de cafés-restaurantes solidários e inclusivos que emprega sem termo, para formar jovens adultos com dificuldade
intelectual e de desenvolvimento", diz a CEO da Joyeux Portugal, especificando que os casos abrangidos mais conhecidos são os da trissomia
21 e de perturbações do espetro do autismo. Trata-se de jovens que terminam o seu percurso escolar e para os quais não existe uma solução de emprego adaptada, pelo que, diz a responsável, as mais das vezes "acabam em registo ocupacional, institucionalizado ou em casa, quando poderiam ser estimulados, ter o seu emprego e, um dia, quem sabe, a sua própria casa".

"É para isto que este projeto existe, para dar o exemplo como empregador, porque sobretudo a Joyeux Portugal é uma empresa 100% detida
pela Associação Vila Com Vida, portanto, como qualquer outra empresa, também pode empregar estas pessoas, e ao fazê-lo num sítio onde
toda a gente passa, está a trazer a diferença para o centro da vida das pessoas", frisa Filipa Pinto Coelho. A responsável crê "que é exatamente isso que falta para que as pessoas se lembrem que esta diferença existe, e que se lembrem de empregar esta diferença - portanto, basicamente é levar a montanha a Maomé".

Atualmente, a cadeia de Cafés Joyeux é já composta por quatro estabelecimentos e emprega/dá formação a 29 jovens. "Graças a Deus,
temos recebido cada vez mais candidaturas, portanto, o projeto já está adquirir alguma escala, o que nos deixa muito felizes", confessa a
CEO.

Para já, os quatro Cafés Joyeux existem apenas em Lisboa e Cascais. E, embora tenha planos de expansão logo que possível, Filipa Pinto Coelho
informa que qualquer jovem interessado é bem-vindo e poderá contactar a Joyeux quer através do e-mail da associação Vila Com Vida (info@vilaconvida.pt) ou, se assim o desejar, apresentando-se logo como candidato (recrutamento@joyeux.pt).

Além do Café Joyeux da Estrela, há o seu congénere no Edifício da Ageas Seguros Portugal, no Parque das Nações. Em Cascais, abriu o terceiro café no passado dia 11 de julho, mesmo na Baía de Cascais - "uma casa às riscas amarela e cinzenta, muito gira, que dá nas vistas" - e,
muito recentemente, foi inaugurado o 4.º café, nas Natura Towers, em Telheiras, no Edifício da Cofidis.

Filipa Pinto Coelho diz que a principal meta dos Cafés Joyeux é que estes jovens cheguem ao fim dos dois anos do programa de formação, em que se tornam colaboradores polivalentes do setor da restauração - passam por quatro funções: barista, caixa, serviço de mesa e cozinha - e ficam muito competitivos, sobretudo para o setor da hotelaria e da restauração, que nele acabem integrados, porque têm tarefas simples, e, acima de tudo, um problema de falta de mão-de-obra. Nesse sentido, a Joyeux Portugal firmou um protocolo, em fevereiro deste ano, com a Associação de Hotéis de Portugal, com o objetivo de estabelecer uma parceria e levar os hotéis associados a beneficiar desta formação e recrutar estes jovens para as suas unidades.

E o mecenato, nomeadamente a Fundação Santander, que aporte traz aos Cafés Joyeux? "A Fundação Santander está com este projeto já desde o [projeto] piloto, o Café Com Vida, porque acreditou desde o primeiro minuto nesta parceria, nesta forma de fazer a diferença e hoje é
um dos nossos parceiros para apoiar os custos de formação com as escolas Joyeux", explica a CEO.

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