Café português: radiografia de um setor em crescimento

O crescimento do mercado de consumo privado beneficiou o setor do café em 2015 e, com ele, as exportações portuguesas.
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Com exceção de pequenas zonas de produção localizadas nos Açores, não se cultiva café em Portugal, uma vez que as condições climatéricas não são as mais adequadas. Quer isso dizer que importamos a larga maioria do café, café esse que é depois transformado e novamente exportado.

Especificando por tipo de café, podemos verificar que o café verde é o mais importado, logo seguido do café torrado, não descafeinado, ou seja, há muito café comercializado em Portugal cuja torrefação não é feita no nosso país.

A bebida que consumimos e à qual chamamos "café" é o resultado de um complexo processo de cultivo, processamento e distribuição. É uma das bebidas mais consumidas no mundo e a sua comercialização responde por mais de metade das receitas em vários países. O maior exportador mundial é o Brasil, que só em 2014 transacionou mais de 20 milhões de sacas de 60 Kg do popular grão.

Cada grão de café viaja meio mundo até chegar à nossa caneca. O ciclo de vida típico do café pode ser resumido da seguinte forma:

A planta de café é uma espécie de arbusto grande, que dá fruto cinco anos após ser plantada. A apanha é maioritariamente efetuada à mão, mas em alguns países (como por exemplo o Brasil) essa apanha é efetuada através de máquinas.

O "grão de café" é, na realidade, uma semente que está no interior de uma baga. Geralmente cada baga contém duas sementes. Existem vários tipos de bagas, mas as mais utilizadas são a arábica (sabor complexo com menos cafeína, e que representa dois terços de todo o café transacionado mundialmente) e a robusta (mais aromática e resistente a pragas).

Para obter o grão de café, é necessário remover a polpa que envolve as sementes. Este processo é efetuado de duas formas principais:

O método mais antigo consiste em secar naturalmente as bagas ao sol, e é denominado de processamento a seco. É um processo mais trabalhoso e demorado (entre duas a quatro semanas), e envolve mais custos com a mão-de-obra, mas resulta num grão de café com mais corpo e menos acidez.

Já no processamento húmido, as bagas são lavadas, fermentadas e esfregadas mecanicamente, resultando num grão de café mais consistente e aromático, embora com menos corpo. Em ambos os métodos, casca e a polpa são removidas, resultando numa semente denominada de "grão de café verde".

Ao aplicar calor de forma controlada sobre as sementes verdes, o grão de café abre e começa a libertar o seu sabor. Este processo é geralmente feito através de grandes máquinas comerciais, embora também seja possível fazê-lo em casa. As reações químicas no interior do grão de café libertam enzimas, óleos e sabores conforme a duração e intensidade do calor aplicado.

Os grãos de café são armazenados idealmente em locais frescos, escuros, secos e sem ventilação, de forma a manterem as suas propriedades, e serem enviados para expedição.

Os grãos de café são moídos e transformados em pó de determinada grossura, conforme o processo utilizado para lhe juntar água, a única coisa que falta fazer para este poder ser consumido e apreciado.

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