O presidente do Fundo de Estradas moçambicano, Elias Paulo, garantiu hoje à Lusa que a CGD vai avançar os 300 milhões de euros para investimentos rodoviários no país, mas preocupações com a crise portuguesa mantém-se noutros sectores."Falei hoje de manhã com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e confirmaram-me que vão pagar o acordo", afirmou Elias Paulo.O acordo celebrado, em Junho de 2009, pelo anterior executivo português com o Governo de Moçambique, para investimentos na área de infraestruturas rodoviárias, estava a preocupar as autoridades moçambicanas, dada a crise financeira que se vive em Portugal. Estas obras tinham já sido seleccionadas, estando alguns troços rodoviários sob o encargo da Mota Engil e da Soares da Costa, empresas portuguesas."Assim que efectuarmos o pagamento correspondente à comissão da montagem de linha de crédito, a CGD vai disponibilizar as verbas", afirmou o presidente do Fundo de Estradas. Este pagamento deverá acontecer entre o "final deste mês e início de Agosto", apontou Elias Paulo como prazo máximo.Contudo, existem outros financiamentos acordados que continuam sem dotação e que causam preocupação em Moçambique.A crise orçamental portuguesa esteve na agenda da visita esta semana a Moçambique do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que, confrontado com o adiamento de dotações, reconheceu que são tempos de difícil acesso ao crédito e apelou a soluções imaginativas."Quando há um tempo de restrições de crédito há que encontrar soluções com imaginação" que defendam os interesses das empresas e dos Estados, disse Portas.Horas depois, o vice-ministro das Obras Públicas e Habitação moçambicano, Francisco Pereira, avançava que iria procurar outras fontes para financiar projectos que contavam com verbas portuguesas."Nós temos outras soluções que estão em cima da mesa e que não são só Portugal", disse Francisco Pereira ao jornal O País. Na última visita oficial do ex-primeiro-ministro José Sócrates a Moçambique, em Março de 2010, foram assinados entre Lisboa e Maputo vários protocolos, que incluíam memorandos de entendimento em várias áreas. Foi celebrado um memorando para aumentar a linha de crédito de 200 para 400 milhões de euros, a qual está em execução, e que até já incluiu a construção da aldeia olímpica para os jogos africanos de Setembro.Outro acordo anunciado foi a criação do Banco Nacional de Investimento (BNI), com um capital de 500 milhões de dólares, para angariar investimentos em Moçambique, valor a repartir entre a CGD, o Tesouro moçambicano, com 1% pelo Banco Comercial de Investimentos (BCI), do grupo CGD.Nenhuma das partes ainda subscreveu o capital do BNI, que poderia vir a financiar a ponte Maputo-Ka-Tembe, projecto em que o Estado português alegadamente terá demonstrado interesse em participar."Não está, neste momento, na agenda o financiamento português, embora se tenha dito que eles estavam a trabalhar nesse sentido", afirmou recentemente o vice-ministro das Obras Públicas e Habitação.A Mota Engil já realizou estudos geológicos na baía de Maputo, onde irá nascer a ponte com cerca de 1,5 quilómetros.