Cinco anos depois da aquisição do BPI, a Caixabank avalia positivamente a operação e afirma já ser o quarto banco nacional. O objetivo para os próximos dois anos é o de manter o crescimento e rentabilidade, convergindo para os níveis de rentabilidade e eficiência do grupo.
No dia em que é apresentado, em Madrid, o Plano Estratégico CaixaBank/BPI- 2022/2024, o grupo adianta que cinco anos de BPI são uma história de sucesso, com o banco português a contribuir para o crescimento do grupo. Hoje o BPI tem 13,1% de quota de mercado na área das hipotecas, 11,3% nos recursos de clientes, 11,1% no crédito e 10,6% no crédito a empresas. Segundo dados disponibilizados pela Caixabank, verifica-se que o banco melhorou o rácio de eficiência core (cost-to-income core), passando de 64.8% em 2017 para 54,2 por cento no ano passado.
As previsões para os próximos três anos são positivas. A Caixabank antecipa um crescimento de 9% das receitas, sendo que, durante esse período, indicadores de rentabilidade e de eficiência deverão convergir para as metas de todo o grupo.
A nível global o grupo anunciou o objetivo de obter uma Rentabilidade dos capitais próprios tangíveis (ROTE) acima de 12% - atualmente os valores ficam-se pelos 6% - e conseguir níveis de eficiência abaixo dos 48%. Estes são, também, os números que serviram de guia ao BPI, que terminou 2021 com uma ROTE de 6,8% e um rácio de eficiência de 57%. Para o conseguir a aposta passa por desenvolver a oferta de produtos e serviços juntamente com o aumento da venda cruzada, o vinculo e as vendas por canais digitais e, por outro lado, melhorar a gestão da rentabilidade por risco e segmento e reforçar o controlo de custos.
Sobre como conseguir alcançar os valores definidos pela CaixaBank João Pedro Oliveira e Costa, chief executive officer do BPI afirmou, em conversa com os jornalistas, que o banco tem investido em tecnologia e em pessoas e que a instituição está com uma dinâmica de crescimento de negócio e de quota de mercado que tem sido consistente nos últimos três anos. a isto, acrescentou o executivo "tivemos sempre um grande suporte do acionista - que é um fator muitíssimo importante". Face a isto João Pedro Oliveira e Costa acredita que não só é possível ao BPI alcançar os números definidos como, inclusive acelerar. "Os momentos de transformação são sempre grandes oportunidades. E este é um momento de grande oportunidade para nós", constatou.
Questionado sobre medidas concretas isto João Pedro Oliveira e Costa afirmou que "não há varinhas magicas" e que o banco tem feito um crescimento de forma sustentável, ao longo do tempo. "Temos uma base de partida mais baixa, por isso temos de conquistar mercado, ganhámos algumas vantagens nos últimos três anos, nomeadamente no que diz respeito à concessão de crédito à habitação, onde temos crescido muito acima do mercado, e aí a grande vantagem foi o processo de concessão de crédito. Agora estamos a fazer uma grande aposta nas empresas". A convicção do chief executive officer do BPI é que as empresas, com os apoios que chegarão da Europa, com os investimentos que terão de ser feitos "ao nível das empresas, nomeadamente na transformação para o tema da sustentabilidade, temos aqui oportunidades muito significativas". E esse é uma área onde o BPI quer estar "na linha da frente da batalha".
João Pedro Oliveira e Costa acrescentou ainda que "temos de pegar no investimento, nomeadamente no grande investimento que fizemos em tecnologia, esse retorno terá de ter algum efeito no controlo de custos". E refere que hoje é possível fazer operações a custos mais baixos do que antes. Veja-se o caso das amortizações. "É um valor muito significativo perante o passado", disse.
Questionado se esse investimento em tecnologia e a pressão para aumentar a rentabilidade significaria cortar nos recursos humanos a resposta de João Pedro Gonçalo Oliveira e Costa foi perentório: temos de investir no talento. Precisamos de mais pessoas. "Se o crescimento que estamos a fazer tiver o sucesso que esperamos nós precisaremos de ir contratar ao mercado", acrescentou.
O chief executive officer do BPI fez questão de apontar também a componente social trazida pela CaixaBank. Como referiu, não são todas as empresas que dão - ênfase no "dão" 30 milhões de euros todos os anos para a responsabilidade social - a partir deste ano o valor sobe para 40 milhões de euros.
Crescer o negócio, investir nos clientes ena sustentabilidade: as "3" prioridades da CaixaBank
Para o período entre 2022 e 2024 o grupo espanhol definiu três prioridades estratégicas: crescimento do negócio, ter um atendimento ao cliente adaptado às preferências dos clientes; e ser uma referência europeia na sustentabilidade. Algo que Gonzalo Gortázar, administrador-delegado do grupo, considera que "está ao alcance". No que concerne aos clientes o objetivo é crescer o grau de penetração dos serviços. Ou seja, conseguir fazer cross selling e "vender" mais serviços ao mesmo cliente. Sendo que o grupo parte com uma base de cerca de 20 milhões de clientes entre Portugal e Espanha.
Uma das apostas passa pelo crescimento no mercado corporativo com a CaixaBank a especializar-se e criar comunidades de negócios. Atualmente o grupo só tem filiais em Portugal e Espanha (apesar de ter subsidiárias espalhadas pela Europa - onde quer crescer - e noutras partes do mundo como Singapura, Sidney, Santiago do Chile, Nova Iorque, entre outros. Questionado sobre o ainda possível interesse na aquisição do Novo Banco Gonzalo Gortázar, foi perentório: a estratégia não contempla operações inorgânicas.
(Atualizada às 15h57)