Em Colos, freguesia alentejana do concelho de Odemira, está a ser fabricado um material de construção 100% ecológico totalmente inédito no país. São tijolos produzidos com cânhamo, planta que é uma das maiores sequestradoras de carbono na natureza, argila e cal, que substituem o betão em projetos de construção civil. Elad Kaspin e Khalid Mansour são os rostos por detrás da Cânhamor, um investimento que arrancou em 2021 e já está em fase de expansão para Ourique, também no Alentejo, onde está a ser edificada a segunda unidade da empresa. Até ao momento, já despenderam 15 milhões de euros (incluindo a nova fábrica) para imprimir uma revolução no setor da construção, mas também na agricultura portuguesa, frisa Frederico Barreiro, diretor comercial.
Os ECOBlocos estão a afirmar-se no mercado como um material robusto, com valor estético, resistente ao fogo e com propriedades isolantes e de auto-regulação térmica, o que os torna mais eficientes no aquecimento dos imóveis e na refrigeração. Estes tijolos só agora é que estão a ser produzidos na Península Ibérica, mas já conquistaram a Europa. E, em breve, poderão partir do Alentejo para esses mercados.
Como adianta Frederico Barreiro, a fábrica de Ourique, que deverá ficar operacional no fim deste ano, terá uma decorticadora de cânhamo (máquina que separa a fibra, aparas e pó do caule), o que permitirá à Cânhamor controlar todo o processo produtivo desde a planta até ao fabrico do tijolo, cuja produção será incrementada. Ficará também a ser a única empresa na Europa a reunir as duas valências.
Com este projeto, a empresa vai alargar os horizontes de vendas, até agora centrados em Portugal, e atacar o mercado internacional, avança o responsável. Certo é que os blocos da Cânhamor já integram o ATLAS dos Materiais e Ofícios da Construção, da Ordem dos Arquitectos, e estão certificados pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção (Itecons).
Os dois investidores lançaram também um programa de parceria com agricultores portugueses para fomentar o cultivo de cânhamo em território nacional e, com isso, para eliminar a necessidade de importação. Segundo Frederico Barreira, Portugal tem potencial para este cultivo. Por isso, "começamos a desenvolver esforços para incentivar os produtores e promover esta cultura com um modelo de parceria onde assumimos o compromisso de compra". Este ano foi o primeiro em que já garantiram matéria prima nacional.