Carta-aberta. 300 economistas pressionam fim dos paraísos fiscais

Economistas reconhecidos internacionalmente apelam ao fim dos paraísos fiscais. Documento pressiona na semana da Cimeira anti-terrorismo
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Mais de 300 economistas internacionais, entre eles Thomas Piketty, juntam-se numa carta aberta para reivindicar o fim dos paraísos fiscais. A pressão acontece na semana em que Londres recebe a cimeira internacional anti-corrupção.

"O facto de os países permitirem que haja ativos escondidos em empresas de fachada ou que encorajem o reporte de lucros em empresas que não operam nesses locais está a distorcer o funcionamento da economia global", refere este documento.

Os 300 magníficos apelam, assim, para que os líderes presentes no encontro reconheçam que os paraísos fiscais não geram qualquer benefício económico e que levantem o véu de secretismo que os envolve. Entre as medidas sugeridas está, por isso, um reporte das atividades em cada um dos países onde operam - para que possam ser cobrados os devidos impostos em cada um -, e a garantia de que todos os países libertam informação sobre os verdadeiros donos de cada uma das empresas ou fundos.

Entre os nomes notáveis que se reúnem nesta carta aberta está Thomas Piketty, autor do Capital no século XXI, o prémio Nobel Angus Deaton, Jeffrey Sachs ou Ha-Joon Chang, reconhecidos professores.

"Enfrentar os paraísos fiscais não vai ser fácil, eles envolvem demasiados interesses que beneficiam daquele status quo. Mas foi Adam Smith que disse que o rico 'deve contribuir para os cofres públicos, não apenas na proporção do seu rendimento, mas mais do que essa proporção'", referem os economistas.

Esta quinta-feira, Londres recebe uma cimeira anti-corrupção que pretende expor, punir e expulsar a corrupção global. David Cameron já adiantou que pretende que o evento seja o primeiro de muitos e, se tudo correr como prevê, dali deverá sair "a primeira declaração mundial contra a corrupção", indica um comunicado do executivo britânico.

O documento deverá levar a que os líderes passem a "trabalhar juntos" contra a corrupção, e também a "reconhecerem que a corrupção mina os esforços para lutar contra a pobreza, para promover a prosperidade e combater o terrorismo e extremismo".

Mais de metade das empresas envolvidas em negócios com a Mossack Fonseca estão em território britânico, como as Ilhas Virgens Britâticas.

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