Carteira de crédito à habitação caiu 1,4% em 2023

Stock de empréstimos para compra de casa decresceu 1,43 mil milhões de euros entre janeiro e dezembro, para 98,86 mil milhões. Crédito total concedido a particulares registou quebra anual de 0,6%.
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Depois de registar uma ligeira subida no mês anterior, a carteira de crédito à habitação retomou a trajetória descendente em dezembro, ao totalizar 98,86 mil milhões, menos 200,6 milhões de euros do que em novembro, apontam as estatísticas divulgadas esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP). 

Face ao período homólogo, quando o stock de empréstimos para compra de casa contabilizava 100,3 mil milhões de euros, a quebra verificada foi de 1,43 mil milhões - ou, em termos percentuais, de 1,4%. Este decréscimo, gradual ao longo do ano, explica o supervisor bancário, foi incentivado pelas altas taxas de juro, que resultaram “num aumento das amortizações antecipadas e no abrandamento na procura de crédito à habitação”.

E o cenário deverá manter-se nos próximos meses. No Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito - que se dedica a avaliar trimestralmente a oferta e a procura no setor, com base no reporte das instituições financeiras -, a entidade governada por Mário Centeno antecipa maiores quebras no mercado hipotecário, pelo menos até março. 

Os empréstimos ao consumo, por seu turno, continuaram a crescer em dezembro, tal como se verificou em todos os meses do ano, somando 85,8 milhões de euros em relação ao mês anterior (um aumento percentual de 0,4%). 

No final de 2023, este stock totalizava 21,22 mil milhões de euros, o que representa um acréscimo de 468,4 milhões de euros (ou 2,2%) face ao período homólogo, altura em que se registava um montante total de 20,76 mil milhões de euros em empréstimos ao consumo. 

Considerando todos os empréstimos concedidos pela banca portuguesa aos particulares, diz o BdP que se verificou uma taxa de variação anual negativa de 0,6%, que compara com uma taxa positiva de 3,6%, em 2022.

Crédito a empresas sobe no mês, mas desce no homólogo

O montante de empréstimos concedidos pelos bancos residentes às empresas totalizava 73,39 mil milhões de euros em dezembro, o que, por comparação ao mês precedente, reflete uma subida de 1,3% (cerca de mil milhões de euros).

Não obstante, fazendo as contas ao igual período do ano anterior, quando se observavam 75,21 mil milhões de euros de financiamento total aos negócios, o stock registou uma quebra de 2,4%, isto é, de 1,81 mil milhões de euros. 

Segundo o Banco de Portugal, em 2023, apenas as microempresas apresentaram um crescimento dos empréstimos relativamente ao ano anterior (3,7%). Enquanto os empréstimos das pequenas e das médias empresas decresceram 3,3% e 5,8%, respetivamente, o crédito concedido às grandes empresas, que cresceram 0,7% em 2022, apresentaram, no ano que findou, uma taxa de variação anual negativa de 1,9%.

Já por setor de atividade, o financiamento aos setores das indústrias e eletricidade e do comércio, transportes e alojamento decresceram 4,6% e 2,0%, por esta mesma ordem, em relação ao homólogo. No setor da construção e atividades imobiliárias, por seu turno, os empréstimos continuaram a crescer, a um ritmo de 1,8%, embora menos do que no ano anterior (4,2%).

O supervisor nota que, desde 2021, o crescimento destes empréstimos tem vindo a abrandar: de 9,7% em 2020, para 4,2% em 2021 e para 0,6% em 2022. No entanto, em 2023, a taxa de variação anual foi negativa (-1,1%), o que não acontecia desde 2017.

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