A génese da concessão do jogo em Espinho é conhecida: os pescadores "matavam o tempo" a jogar cartas, dados e "vermelhinha". O hábito alastrou, chamou gente, ganhou força de vício e, hoje, é o negócio mais importante da cidade. . Segundo a autarquia, em 1865, jogava-se a pataco nas "Pataqueiras Clandestinas" e, em 1909, multiplicaram-se as "batotas pataqueiras". O Estado demorou até 1923 para decidir que mais valia encher os cofres taxando o jogo, portanto, criou a Lei da Exploração do Jogo. . Espinho só conhecia o "Casino Peninsular" quando o empresário que viria a fundar o grupo Solverde, Manuel Violas, obteve a concessão do jogo na cidade em 1973. Desde a inauguração do "maior casino do país e, possivelmente, da Europa em área útil", a 25 de setembro de 1982, e até há "cerca de uma década", o jogo prosperou e fez prosperar o grupo, a cidade e alguns jogadores. . "No Casino de Espinho foi entregue um dos maiores jackpots de sempre nos casinos nacionais, de valor superior a 1,4 milhões de euros", aponta Silva Carvalho, administrador do casino. . O Turismo de Portugal financia as obras de beneficiação turística da envolvente do casino e a autarquia também tem direito a uma percentagem das receitas do jogo (1,8 milhões de euros em 2010). . Distribuídas por três pisos, encontram-se cerca de 750 máquinas e mesas de jogo, nas quais é possível jogar com valores a partir de apenas um cêntimo. O maior jackpot à espera do feliz contemplado, neste momento, ronda os 260 mil euros e cresce diariamente. . "A crise veio mudar as coisas para os casinos portugueses. Não há menor afluência, mas as pessoas jogam valores mais baixos", nota o administrador. . Nos últimos anos, as receitas têm vindo a descer. "Há três ou quatro anos, rondavam os 120 milhões de euros por ano. Este ano, até agosto, estávamos com apenas 30,6 milhões de euros e estamos a prever encerrar o ano com uma quebra de 10%, com 90 milhões de euros", revela Silva Carvalho. . No casino trabalham, hoje, 361 pessoas. Manter os postos de trabalho e resistir à crise é a prioridade do Casino de Espinho. "Tivemos de implementar uma política de redução de custos, mas com os menores custos sociais possíveis", diz. . Porém, tal como a Associação Portuguesa de Casinos fez saber, recentemente, é urgente regular o jogo online - tema na mesa de uma comissão interministerial específica, há mais de um ano. . "É que os casinos têm de pagar ao Estado 50% da receita bruta prevista há uma década, quando foi assinada a concessão, e ainda imposto. Mas as receitas não param de descer e o Estado, ao permitir o jogo online, não está a cumprir o contrato de concessão. O jogo online terá de ser regulado até ao final deste ano", avisa Silva Carvalho.