Casinos retomam jogo mas 28% abaixo de 2019

Setor admite desvio de clientes para as apostas online e jogos sociais. Recuperação de atividade continua adiada.
Publicado a

Os 11 casinos portugueses geraram receitas de jogo de 53,3 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, valor que traduz um aumento de 858% face a igual período de 2021. Mas esta comparação não ilustra a realidade da atividade, penalizada nestes últimos dois anos pelos confinamentos e restrições devido à pandemia. É que face aos três primeiros meses de 2019, exercício sem sombra de covid-19, o negócio apresentou um decréscimo de 28%. Setor já admite que a sorte não vai rodar em 2022.

"O primeiro trimestre de 2022 traduz-se numa comparação aparentemente muito favorável com o período homólogo do ano anterior, mas é preciso ter em mente que, em 2021, os casinos apenas funcionaram escassos dias em janeiro, tendo estado encerrados durante a totalidade dos meses de fevereiro e março", com exceção da sala de máquinas da Madeira, sublinha fonte oficial da associação do setor. O exercício de 2021 ficou marcado por uma quebra de 55% nas receitas face ao ano pré-pandémico e, agora, já sem encerramentos ou restrições de horários, "ainda só conseguimos reduzir esse decréscimo para -28,05%" face ao homólogo de 2019, observa.

No primeiro trimestre deste ano, apenas o casino de Troia conseguiu gerar receitas de jogo superiores às obtidas em igual período de 2019. A sala explorada pela Oxy Capital apresentou um crescimento de 50,2%, para 1,8 milhões de euros. Mas os 'gigantes' do jogo em Portugal não tiveram a mesma sorte. A sala de Lisboa, que desde a sua abertura, em 2006, lidera as apostas em jogo de fortuna e azar no país, apresentou este trimestre uma quebra de 28%, totalizando 14,6 milhões, face ao homólogo de 2019. O casino do Estoril registou uma queda ainda mais acentuada, superior a 32%, fixando-se os proveitos em quase 10 milhões. Mais a norte, Espinho apurou 8,6 milhões, uma quebra de 26,5% quando comparado com o primeiro trimestre de 2019.

Numa análise por concessionárias, verifica-se que o grupo Estoril Sol (explora os casinos de Lisboa, Estoril e Póvoa de Varzim) contabilizou proveitos de 32,2 milhões entre janeiro e março deste ano, o que traduz uma quebra de 30% face a igual período de 2019. A Solverde (que detém as salas de Espinho, Chaves, Praia da Rocha, Vilamoura e Monte Gordo) registou 15,2 milhões, menos 26%, tendo por base o mesmo comparativo. A Amorim Turismo, que responde pela sala da Figueira da Foz, apresentou um decréscimo de 32%, para 2,5 milhões. Por último, o grupo Pestana, responsável pelo casino da Madeira, viu a atividade cair 35%, cifrando-se em 1,4 milhões.

O contexto apresenta-se pouco favorável ao jogo. Como refere a Associação Portuguesa de Casinos (APC), "os dois últimos anos de funcionamento intermitente, de restrições aos horários de funcionamento e de constrangimentos operacionais influíram muito negativamente nos hábitos dos clientes, muitos dos quais se transferiram para o jogo online ou para os jogos da Santa Casa". Certo é que o número de visitas diárias aos casinos está a recuperar "muito lentamente", sendo que há a notar uma diminuição dos gastos para lazer fruto da atual conjuntura, acrescenta ainda. A APC admite não haver "expectativas de, no final de 2022, virmos a igualar 2019, mesmo nominalmente". Nesse ano, o setor gerou receitas de 315,2 milhões de euros, que caíram para 157,8 milhões em 2020 e desceram para 141,7 em 2021.

Já no final do ano passado, o Governo decidiu prorrogar os contratos das concessionárias para mitigar as perdas registadas nos primeiros dois anos de pandemia, assim como eliminar a obrigação do pagamento das contrapartidas mínimas desses exercícios.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt