O governador do Banco de Portugal recomendou nesta quinta-feira "calma" e "ponderação" aos membros do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) sobre as declarações sobre o 'timing' da subida das taxas de juro.
Em causa estão as declarações esta semana de Isabel Schnabel, membro do Conselho Executivo do BCE, de que "um aumento das taxas em julho é possível", e, por outro lado, do também membro do conselho Fabio Panetta, de que "seria imprudente agir sem saber primeiro os números concretos do PIB do segundo trimestre e discutir outras medidas".
Questionado sobre o tema, durante a conferência de apresentação do Boletim Económico de maio, hoje, no Museu do Dinheiro, em Lisboa, o governador do Banco de Portugal (BdP) defendeu que "quando o BCE diz que age dependente ou de forma ligada aos dados isso é absolutamente verdade".
"E, a menos que algum desses membros do Conselho de Governadores tenha acesso a dados que ainda não são divulgados, eu recomendaria alguma calma e ponderação nessas comunicações", afirmou.
Mário Centeno sublinhou: "Ou somos dependentes de dados", ou existe "acesso a informação que não é disponível por todos e há aqui uma assimetria".
O governador do BdP acrescentou que o Banco Central Europeu (BCE) "tem tido um sucesso enorme na forma como tem gerido a sua política monetária", vincando que tem sido feita uma "declaração muito clara no sentido de normalização da política monetária", isto é, de uma posição mais neutra face aos estímulos que foram considerados importantes para responder ao impacto da pandemia, garantindo que "essa trajetória vai com certeza ser concretizada".