Um milhão de utilizadores aderiram ao ChatGPT em apenas cinco dias após o seu lançamento, em novembro de 2022. Por comparação, o Instagram levou aproximadamente 2,5 meses para atingir um milhão de downloads e a Netflix teve de esperar cerca de 3,5 anos para atingir a mesma meta. O mundo esperava ansiosamente pela chegada desta tecnologia revolucionária e cativante.
Chatbots são, por definição, programas assentes em tecnologia Inteligência Artificial (IA) e processamento de linguagem natural (PNL), criados para compreender e simular uma conversa humana. Por sua vez, o ChatGPT veio a tornar-se no chatbot mais famoso do século XXI. Mas, ao contrário do que as pessoas pensam, este tipo de tecnologias já existe e está operacional desde o século passado.
Podemos, assim, assinalar o ponto de viragem na história das tecnologias generativas com recurso à seguinte classificação: A.C. (Antes do ChatGPT) e D.C. (Depois do ChatGPT). Foi um verdadeiro marco revolucionário para todos nós, de telemarketers a professores, muitos foram aqueles que rapidamente aderiram a esta nova tecnologia, nomeadamente os developers que encontraram nesta ferramenta a chave para agilizar o trabalho mais moroso.
No tempo A.C. (Antes do ChatGPT), o processo de desenvolvimento de Chatbots era mais complexo, demorado e, sem dúvida, mais penoso. Eram necessárias várias fases, relacionadas com a inteligência artificial conversacional, até que fosse possível partilhar com todos os clientes aquilo que tanto pretendiam ouvir, "Estamos prontos para agir!". Um tempo onde o trabalho feito pelos developers destas tecnologias podia ser quase comparado ao de artesãos que, providos quase exclusivamente da sua "arte e engenho", alimentavam e desenvolviam "manualmente" os chatbots. Foi durante esta época "arcaica" que estes profissionais de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) construíram, de raiz, mapas mentais com fluxos de conversação e modelos de PLN, configuraram conversas, mensagens e intenções, de forma a treinar o chatbot a responder corretamente, assegurando, assim, uma experiência agradável e fiável aos seus futuros utilizadores. Depois, como qualquer outro artífice, as fases finais do trabalho do developer consistiam numa série de testes de garantia de qualidade, treinando o bot para o tornar cada vez mais eficiente.
Chegámos assim ao ano de 2023, o ano de viragem da história das tecnologias generativas: o primeiro ano D.C. (Depois do ChatGPT). É nesta altura que, com o surgimento destes sistemas de Inteligência Artificial, os developers dão o "salto" e passam de artesãos a maquinistas. Os profissionais de TIC começaram então a ter a vida facilitada pela tecnologia GPT, que veio extinguir as fases mais demoradas e complexas do desenvolvimento de um chatbot. Agora, o developer faz upload dos conteúdos no bot, ao invés de criar fluxos de conversação de raiz - como fazia o artesão TIC antigamente. Naturalmente, estes processos mantêm-se altamente rigorosos, sendo submetidos a testes de garantia de qualidade, para que o chatbot final consiga responder de forma eficiente e correta às questões do utilizador.
Já lá vai o tempo em que a inteligência e racionalidade eram as características que diferenciavam o ser humano de todos os não-seres humanos deste planeta. A cada dia que passa, essa linha fica mais ténue. De novas ferramentas tecnológicas a sistemas conversacionais inteligentes, vivemos na era da arte do engenho artificial!
Filipa Duarte, chefe de Projeto Conversational AI & Machine Learning da Inetum