Mais de 7.000 trabalhadores de uma fábrica de calçado desportivo do sul da China fizeram greve contra despedimentos e cortes de salários, e dezenas deles ficaram feridos em confrontos com a polícia, anunciaram defensores dos direitos humanos.
Dezenas de pessoas ficaram feridas na quinta-feira quando a polícia tentou desmantelar uma barreira instalada pelos grevistas na rua principal da cidade situada perto de Dongguan, na província de Guangdong, anunciou na sexta-feira em comunicado o China Labor Watch, organização especializada na defesa dos direitos do homem.
Os empregados da fábrica de Yucheng, próximo de Huangjiang -- que produz calçado para as marcas Adidas, Nike e New Balance - fizeram greve após o despedimento, no mês passado, de 18 pessoas dos quadros, interpretado pelos funcionários como um sinal de uma deslocalização, acrescentou a organização, com sede em Nova Iorque, citada pela agência France Presse.
Um dos quadros demitidos disse ao jornal China Business News que a sua saída integra um projecto de deslocalização da produção para a província de Jiangxi, a fim de reduzir os custos, que são mais elevados no vasto pólo industrial de Dongguan. Este protesto é o mais recente de uma série de incidentes e de contestação social que eclodiu em Guangdong, região conhecida por atrair dezenas de milhões de trabalhadores imigrantes.
Os trabalhadores da fábrica estão também indignados com a eliminação de gratificações e de horas extraordinárias, cujo pagamento consideram essencial para fazer face ao aumento do custo de vida. Segundo uma funcionária citada pelo Yangcheng Evening, os salários-base mensais rondam os 1100 yuans (128 euros), pelo que os trabalhadores têm mesmo necessidade de fazer horas extraordinárias.
De acordo com este jornal, as autoridades locais já intercederam pela manutenção das horas suplementares não obtiveram resposta por parte da direcção da fábrica, detida por um grupo de investimento de Taiwan.