A Imperial, a maior fabricante portuguesa de chocolates, quer vender “aproximadamente” 400 toneladas de amêndoas nesta Páscoa. A época de caça aos ovos (e às amêndoas) já abriu há algumas semanas nas mercearias, confeitarias e supermercados do país e, até agora, “o balanço é positivo”, diz Francisco Pinho da Costa, diretor de marketing e comunicação da empresa de Vila do Conde. Os próximos 15 dias serão decisivos para o negócio, mas o embalo inicial permite vislumbrar uma boa temporada. Como revela o responsável, “esperamos crescer face ano passado”, exercício em que a unidade escoou perto de 360 toneladas. A confirmar-se esta ambição, as vendas irão aumentar mais de 10%. .A Regina, marca quase centenária que integra o portfolio da Imperial, é a estrela destas festas. Desde o final de setembro que os 280 colaboradores da empresa estão a preparar a Páscoa. É que esta época é o ponto alto das vendas da fabricante portuguesa, que desde 2021 é detida pelos espanhóis Vimaroja, mais conhecidos pelos Chocolates Valor. É um mês e meio de consumo, que tem um peso de 40% na faturação anual da Imperial, bem acima dos 30 a 35% do Natal, revela Francisco Pinho da Costa. Só a marca Regina, líder de mercado no segmento das amêndoas, é responsável por mais de 50% da faturação da empresa neste período e por 85% da produção. O fabrico dos chocolates para esta Páscoa está praticamente concluído, mas as máquinas continuam a operar para assegurar as necessidades de reposição..Foi no início deste século que a Imperial relançou a Regina, depois de ter adquirido os direitos da “rainha” portuguesa dos chocolates, que tinha entrado em insolvência. A marca, que nasceu em 1927, no bairro lisbonense de Alcântara, “é muito querida dos portugueses, há uma forte relação emocional” e a Imperial - que detém ainda insígnias de grande notoriedade como a Pantagruel, Pintarolas e Jubileu, entre outras -, decidiu acarinhar este legado e aproximar, ainda mais, a Regina dos consumidores nacionais. No fim do ano passado, avançou com um rebranding (atualização da imagem e das embalagens) dos seus icónicos chocolates, de que são exemplo as sombrinhas ou as tabletes de aromas de frutas, e lançou novos produtos, como o Regina Wafer e uma gama de bombons..Momentos acessíveis.Nesta Páscoa, a aposta está na mensagem. Como adianta Francisco Pinho da Costa, a Regina quer associar-se “ao momento que é nosso, da família e dos filhos, valorizar o tempo de pausa”. E, por isso, convida o consumidor a “encarar cada dia como se fosse domingo” e a “aproveitar para não sair da toca”. O momento socioeconómico é difícil e, desde a pandemia e, especialmente, desde o início da guerra na Ucrânia, a fabricante tem-se deparado com o aumento das matérias-primas. O açúcar e o leite gordo ficaram mais caros, o custo das embalagens e da energia subiu. Por essa altura, o cacau também começou a encarecer mas, no último ano, o valor por tonelada disparou. Só entre janeiro e o início deste mês, já valorizou 68% na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque/ICE..Neste contexto, que afeta as empresas e os portugueses, a fabricante “tem feito um esforço para não aumentar os preços em todo o portfolio”, diz Francisco Pinho da Costa, reconhecendo que “há produtos que não é possível, por uma questão de sustentabilidade do negócio”. O responsável afiança que a Imperial está a “impactar o mínimo possível” o aumento das despesas de produção. “Nestes últimos anos, fizemos alguma absorção dos custos sem colocar em causa a qualidade do produto para manter os preços num nível comportável para os consumidores”. E sublinha: “Estamos a fazer isso nos artigos atuais e nos novos. Não lançamos produtos que consideramos ter um valor incomportável para o mercado”. A empresa quer “garantir “um momento de escape prazeroso”, frisa..A Imperial registou um volume de negócios da ordem dos 50 milhões de euros no exercício fiscal terminado a 30 de junho de 2023. A Regina valeu quase 45% das vendas, as marcas Pantagruel e Pintarolas garantiram cerca de 40% e o remanescente foi gerado pelas outras insígnias da fabricante, como a Jubileu ou a Allegro. Segundo Francisco Pinho da Costa, a exportação representou 30% no último ano, com os PALOP, França e Suíça a destacarem-se como os principais mercados. Os chocolates da Imperial atravessam também outros oceanos e chegam a destinos na Ásia e na América do Sul, embora com menor expressão..Há dois anos no universo da Chocolates Valor, a Imperial está agora a preparar o futuro. Valeriano Lopez, acionista do grupo espanhol, assumiu o leme da empresa portuguesa e a ex-presidente executiva, Manuela Tavares de Sousa, integrou o conselho estratégico da Imperial.