O ataque informático à Vodafone Portugal, que derrubou as redes de telecomunicações da empresa, afetou serviços de emergência e socorro, bem como a rede multibanco da SIBS, órgãos de comunicação social como a RTP e, ainda, a atividade do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)..O impacto começou a fazer-se sentir na manhã desta terça-feira, com o INEM a ter de ativar um plano de contingência para fazer face aos constrangimentos verificados com a rede Vodafone, acabando por recorrer à rede SIRESP e aos sistemas de redundância de comunicações móveis que dispõe. Só assim é que o INEM conseguiu assegurar o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica..Os constrangimentos verificados no INEM surgiram após o ciberataque e também foram sentidos por corporações de bombeiros, um pouco por todo o país. São exemplos os casos dos bombeiros voluntários de Valença, Esposende, Famalicão, Avintes e Espinho, que apelaram, a par do INEM, para que qualquer contacto de emergência fosse concretizado através do 112, cujas centrais são geridas pela PSP e as chamadas reencaminhas pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) do INEM, via rede SIRESP..Também unidades hospitalares registaram disrupções nos serviços telefónicos, como o Centro Hospitalar Universitário do Porto e os hospitais de Matosinhos e de Guimarães..A par dos serviços de emergência e socorro, as perturbações provocadas nas redes da Vodafone também afetaram a rede de multibancos da SIBS. Os constrangimentos no fornecimento das comunicações de suporte à rede foram comunicados pela SIBS, que realçou terem provocado "alguma instabilidade pontual". Os efeitos não terão sido maiores, graças a um "serviço protetor" providenciado pela Vodafone Portugal..O presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, explicou ontem, em conferência de imprensa sobre o ataque informático, que a rede ATM está suportada na rede da Vodafone, que tem interligação à rede móvel de dados. Ora, como o serviço de dados móveis esteve fora de serviço até à meia-noite de segunda-feira, a telecom, para salvaguardar males maiores, implementou um "serviço protetor" para suprir falhas. No entanto, tal como reconheceu o administrador da Vodafone, o referido serviço de redundância não resolve a questão a 100%, pois as necessidades da rede ATM têm uma "dependência crítica" da rede 4G. A Vodafone iniciou o restabelecimento da rede 4G ainda ontem, ao final da tarde..Acresce o caso do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que também registou perturbações nos seus serviços, devido às falhas de rede da Vodafone. O organismo registou perturbações nos serviços de comunicações, o que provou constrangimentos na rede de observação do IPMA..O ciberataque que gerou disrupções na quase totalidade dos serviços de comunicações eletrónicas da Vodafone Portugal também teve impacto em diferentes órgãos de comunicação social que recorrem à rede da telecom para estabelecer ligações. É o caso da RTP, que num dos programas informativos da RTP 3, ao passar uma peça sobre o incidente que envolveu a Vodafone, dava conta que o caso também colocou "alguns constrangimentos" no trabalho dos jornalistas. Cenário idêntico também se sentiu no dia de trabalho dos jornalistas da Global Media, dona do DN e do Dinheiro Vivo..A Vodafone Portugal revelou na terça-feira de manhã ter sido alvo de um ataque informático, que provocou problemas técnicos e falhas na quase totalidade dos serviços. Segundo o CEO da empresa, tratou-se de um ataque de "origem terrorista e criminosa", com o objetivo de derrubar "claramente" a rede da empresa e dificultar a sua recuperação..O ciberataque foi identificado na noite de segunda-feira, com a operadora a registar o impacto junto de um número significativo de clientes. A empresa tem cerca de 4 milhões de clientes. Ontem, a Vodafone já tinha conseguido recuperar os serviços de voz fixa (2G), os serviços de dados móveis sobre 3G e 4G, o serviço de mensagens (SMS) e, em algumas zonas do país, o serviço de televisão.