Cinco maiores bancos lucraram 14 milhões ao dia no primeiro semestre

Taxas de juro altas continuam a beneficiar BCP, BPI, CGD, Novo Banco e Santander que, em conjunto, somaram um resultado líquido de 2,6 mil milhões. Margem financeira cresceu em todos, comissões recuaram só na CGD.
Ganhos com comissões bancárias aumentaram em quatro dos cinco maiores bancos
Ganhos com comissões bancárias aumentaram em quatro dos cinco maiores bancosLíbia Florentino / Global Imagens
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Os cinco maiores bancos a operar em Portugal registaram mais de 2619 milhões de euros de lucros nos primeiros seis meses do ano, o equivalente a mais de 14 milhões de euros ao dia. A Caixa Geral de Depósitos registou o maior crescimento absoluto, mais 281 milhões face a junho de 2023,  para 889 milhões de euros este ano. Em termos relativos foi o Santander o que mais cresceu, com 64,2% de acréscimo para um total de 547,7 milhões. O Novo Banco foi o único a registar um ligeiro recuo, de 0,8% para 370,3 milhões de euros.

Recorde-se que estes valores se seguem a um 2023 em que a banca registou já lucros históricos, à boleia do aumento das taxas de juro implementado pelo Banco Central Europeu. Não admira, por isso, que, neste primeiro semestre de 2024, BCP, BPI, CGD, Novo Banco e Santander tenham visto a sua margem financeira crescer. Este é um indicador que mede a diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos nos depósitos e subiu 1,7% no BCP, para 1397,5 milhões de euros, 13% no BPI, para 490,6 milhões, e 8,4% na Caixa, que teve uma margem financeira de 1426 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. No Novo Banco o aumento foi de 13,5% para quase 595 milhões de euros e no Santander a margem financeira aumentou 47% e atingiu os 862,2 milhões.

Significativo também é o aumento dos ganhos com comissões, com exceção da CGD. O banco público fechou o semestre com 289 milhões de euros de comissões, um valor em linha com o do período homólogo (-0,1%). Os ganhos com comissões no BCP foram de 396 milhões de euros, mais 2,3% do que no ano passado, e de 232,3 milhões no Santander, um acréscimo de apenas 0,5%. No Novo Banco esta rubrica aumentou 10,9% para 161,2 milhões de euros e, no BPI, o acréscimo foi de 14% para 167,9 milhões.

Para o economista João Duque, estes valores resultam da aplicação de “taxas e taxinhas a uma quantidade enorme de serviços, taxas essas que não existiam e que foram introduzidas quando as taxas de juro estiveram muito baixas, negativas até, como forma alternativa [da banca] compor o seu rendimento”.

Em declarações à SIC Notícias, Duque considerou que deveria “haver espaço para rever estas taxas e taxinhas”, atendendo à “subida brusca” das taxas de juro que faz com os bancos registem um excedente “que começa a ser difícil de justificar”. No total, os cinco maiores bancos a operar em Portugal arrecadaram mais de 1246 milhões de euros em comissões, qualquer coisa como 6,8 milhões por dia.

O 1.º semestre fica ainda marcado por aumento no crédito concedido, com exceção do BCP e do Novo Banco, que têm reduções de 1,2% e de 0,2%, respetivamente. No total, os cinco bancos concederam 209 206  milhões de euros em crédito, sendo 46 171 milhões referentes à CGD, 47 milhões ao Santander e 57 200 milhões ao BCP.

Quanto aos depósitos, o crescimento relativo variou entre os 0,2% do Santander e os 9,5% do BCP. A CGD tem o maior valor absoluto, 83 622 milhões de euros, mais 3,9% face a junho de 2023, o Novo Banco o mais baixo, 29 128 milhões. Nos cinco bancos, os depósitos totalizam 262 408 milhões de euros.

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