Clubes nacionais compram mais por menos, mas quanto custa uma equipa?

Os clubes da Primeira Liga gastaram este verão menos dinheiro, mas contrataram mais atletas face à época anterior. Também abriram mão de mais jogadores, mas faturaram mais do que há um ano com as vendas.
Conrad Harder, contratado pelo Sporting por 19 milhões de euros, foi o reforço mais caro em Portugal. Foto: D.R
Conrad Harder, contratado pelo Sporting por 19 milhões de euros, foi o reforço mais caro em Portugal. Foto: D.R
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Os clubes da primeira liga portuguesa de futebol investiram 184,04 milhões de euros na contratação de 302 jogadores, e receberam 373,67 milhões de euros pela venda dos passes de 286 atletas no mercado de transferências de verão, estima o Transfermarket.

Os clubes do primeiro escalão contrataram mais 14 jogadores, gastando menos 13,8 milhões de euros, face à janela de transferências de verão de há um ano. E receberam mais 85,62 milhões de euros, deixando sair mais quatro atletas do que há um ano.

Entre as 18 equipas que disputam o campeonato, apenas Sporting, Rio Ave, Estrela da Amadora e o Nacional da Madeira saíram do mercado com um balanço financeiro negativo (gastaram mais do que receberam nas transferências concretizadas).

O Benfica foi o “campeão” de vendas (142,92 milhões de euros) e também o que mais gastou (53,5 milhões de euros), com Sporting (40,55 milhões de euros de receita e 52,9 milhões investidos) e Porto (58 milhões de euros encaixados e 39,1 milhões desembolsados) a fechar o top3 do jogo económico. O jovem interncional português João Neves protagonizou a maior venda deste verão, indo da Luz para o Parc des Princes (estádio do PSG) por 59,92 milhões de euros. Já o dinamarquês Conrad Harder foi a contratação mais expressiva de um clube luso, chegando a Alvalade por 19 milhões.

Quanto custa um plantel?

As equipas da Liga Portugal compraram mais jogadores gastando menos dinheiro e faturaram mais na hora de abrir mão de atletas. No conjunto das 18 equipas, o balanço financeiro é positivo, mas nem todos os negócios concretizados resultam na integração de novos jogadores nos plantéis principais. Há atletas que são integrados nas equipas B ou até nas camadas jovens ou são emprestados a outros clubes.

Qual o investimento real dos clubes nos plantéis que apresentam para disputar provas nacionais e internacionais? Um dia depois do mercado de transferências deste verão encerrar, o CIES - Football Observatory  publicou uma análise às cem equipas que mais investiram para criar os plantéis que têm hoje. E os ditos três grandes do futebol nacional figuram na lista.

O atual plantel principal do Benfica custou 216 milhões deuros. O CIES indica que o plantel atual integra um total de 23 contratações, sendo que o valor global dá uma média de 9,4 milhões de euros por cada contratação que as águias tiveram de fazer para montar a equipa atual.

Já o plantel do Sporting para a época 2024/2025 custou 187 milhões deuros, com o referido observatório a indicar que os verde e brancos realizaram 17 contratações para a equipa ter a composição atual. Em média, o clube de Alvalade investiu 11 milhões de euros.

O plantel desta época do Porto, por sua vez, custou 168 milhões de euros. O principal emblema da Invicta investiu aquela verba para ter o atual plantel principa, que inclui 19 jogadores contratados até hoje, resultando numa média de 8,8 milhões por reforço.

Importa referir que há nos plantéis dos três clubes atletas formados internamente, sendo que os custos da formação não contam para estes cálculos do Observatório do Futebol. Um dado pertinente ao observar o valor de mercado das equipas principais de Benfica, Sporting e Porto.

Segundo o Transfermarket, a equipa da Luz vale 327 milhões de euros, enquanto o plantel verde e branco vale 389 milhões. Já o valor de mercado dos azuis e brancos ascende a 334,25 milhões de euros.

Portugal, uma gota no jogo económico do futebol

Comparativamente com os principais campeonatos de futebol, a realidade portuguesa fica financeiramente a meio da tabela (ver tabela).

O investimento global dos clubes em novas transferências caiu 10%, de 9,53 mil milhões de euros, no mercado de verão 23/24, para 8,58 mil milhões de euros na janela que fechou dia 2, de acordo com o CIES.

Voltando aos dados do Transfermarket, os clubes da primeira liga inglesa continuam a ter maior poderio financeiro apesar do investimento ter recuado, tendo este verão gasto 1,62 mil milhões de euros. As primeiras ligas italiana, alemã, francesa e espanhola, que completam o lote das Big5 (as cinco ligas económica e desportivamente mais relevantes) registaram diminuições nos gastos, mas continuaram a fazer grandes negócios.

O poderio inglês é confirmado pela análise do CIES sobre quanto cada clube investiu em transferências para construir os atuais plantéis. Os ingleses Chelsea (1,28 mil milhões), Manchester Utd e Manchester City (mil milhões ambos), Arsenal (798 milhões) e Tottenham (787 milhões), foram os clubes que mais gastaram para ter os atuais plantéis.

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