"CMVM" americana pressiona Twitter: tem dúvidas semelhantes às de Elon Musk

Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos também não está satisfeita com as explicações da empresa, em especial depois de um ex-chefe de segurança ter vindo denunciar uma suposta "cultura" de ocultação e elevados riscos de segurança.
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O Twitter enfrenta a agência reguladora do mercado de ações dos Estados Unidos, que quer saber como a plataforma calcula o número de contas falsas ou de mensagens de spam, um tema que está no centro da disputa judicial entre a rede social e Elon Musk.

Em carta enviada pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) em meados de junho, a SEC pede ao Twitter para revelar sua metodologia e os critérios relacionados.

A carta foi divulgada um dia após a imprensa publicar reportagens nas quais um ex-chefe de segurança do Twitter afirma que a companhia enganou utilizadores e reguladores sobre "extremas e flagrantes" falhas de segurança.

O Twitter negou estas acusações, mas elas podem ajudar Elon Musk no processo que será julgado em outubro para decidir se o empresário pode de facto desistir da compra da plataforma por 44 mil milhões de dólares.

Questionado sobre esta carta, o Twitter citou sua resposta à SEC, na qual reitera sua declaração de que as contas falsas e mensagens de spam (bots) na plataforma são menores que 5% dos utilizadores que recebem anúncios.

"O Twitter acredita que isto já revela adequadamente a metodologia utilizada no cálculo desses índices", disse a empresa na sua resposta de 22 de junho.

A SEC fiscaliza principalmente atividades relacionadas com valores, em especial, rendimentos e ações, mas também pode interessar-se pelas comunicações das companhias cotadas em bolsa para verificar se apresentam uma imagem confiável.

Elon Musk retirou-se de um acordo de compra do Twitter afirmando que a plataforma o enganou sobre os números destas contas, o que levou a rede a iniciar um processo para o obrigar a cumprir o acordo. O caso será decidido em julgamento, que começará a 17 de outubro e tem previsão de durar cinco dias.

A denúncia de Peiter Zatko, ex-chefe de segurança do Twitter, atirou mais lenha para esta fogueira. Ele mencionou servidores obsoletos, programas vulneráveis a ciberataques e executivos que omitem, de acionistas e autoridades, as tentativas de pirataria.

Zatko também acusa a plataforma e o seu diretor-executivo, Parag Agrawal, de emitir declarações falsas sobre o número de contas porque "se as medições exatas se tornassem públicas, prejudicariam a imagem e a valorização da empresa".

Parlamentares expressaram preocupação após as declarações de Zatko e pediram que as denúncias fossem investigadas.

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