A contestação pública aos preços dos combustíveis tem levado diferentes grupos de cidadãos a criar ações de protesto, com a indignação a ganhar visibilidade nas redes sociais. No Facebook, o grupo "Greve aos Combustíveis", que tinha marcado para esta sexta-feira o primeiro de cinco dias de boicote ao consumo de gasolina e gasóleo, avançou esta sexta-feira com novas ações de protesto incluindo um buzinão "nas grandes pontes" do país..Depois de apelar à greve ao abastecimento para hoje e para os dias 21, 22, 28 e 29 de outubro, o grupo em causa - que já conta com meio milhão de membros e que foi criado há apenas dois dias, quando pela primeira vez o litro de gasolina aditivada ultrapassou os dois euros em alguns postos do país -, marcou hoje com novas ações de protesto..Em comunicado, Bruno Martins, um dos três organizadores iniciais da contestação, anunciou uma nova greve ao consumo de combustíveis de 18 a 24 de outubro, apelando a que os consumidores só abasteçam os veículos em bombas low-cost. "Temos o direito de escolher onde abastecer e onde gastar os nossos euros", escreveu..Além disso, o organizador apela à adesão a um "buzinão por todo o pais, especialmente, nas grandes pontes do pais das 17h30 as 19h30", no dia 20 de outubro..Uma terceira ação de protesto é anunciada para dia 23 de outubro, apelando a que todos os membros do grupo "Greve aos Combustíveis" desliguem "o quadro elétrico por um período de 30 minutos", a partir das 21h00..Ao Dinheiro Vivo, um dos organizadores, Ricardo Freitas, já tinha explicado que os objetivo dos protestos é levar o Governo a baixar os impostos sobre os combustíveis..A par destas ações, um outro grupo de cidadãos, que já tinha organizado um protesto nas cidades de Lisboa e Porto a 11 de julho, marcou uma nova manifestação contra os preços dos combustíveis para 21 de outubro..A estas manifestações acrescem petições públicas, que procuram travar a escalada dos preços dos combustíveis. Na plataforma Petição Pública encontram-se, entre as mais ativas, quatro abaixo-assinados. Só a petição "contra os preços absurdos dos combustíveis" já leva mais de 29 mil subscritores..A estas manifestações acrescem petições públicas, que procuram travar a escalada dos preços dos combustíveis. Na plataforma Petição Pública encontram-se, entre as mais ativas, quatro abaixo-assinados. Só a petição "contra os preços absurdos dos combustíveis" já leva mais de 33 mil subscritores..Ameaças da ANTRAM.Os efeitos do agravamento dos preços dos combustíveis também já se sentem nas empresas. Sobretudo das de transportes, que estão a pagar mais 30% de combustível para encher os depósitos..Em declarações ontem à SIC Notícias, o presidente da ANTRAM, Pedro Polónio, afirmou que o preço dos combustíveis está a atingir valores incomportáveis para muitos associados e acusa o governo de não dialogar. A saída? Forçar a tomada de soluções. "[Há um] grande número de empresas muito pequenas, de uma, duas, três pessoas que chegam a uma altura em que já não têm mais nada a perder e não me admira nada que estas pessoas se juntem e comecem a fazer este tipo de protestos. É algo que me parece natural. E isso foi algo que já aconteceu no passado, em contextos menos adversos do que aquele que temos hoje", afirmou Pedro Polónio..Por isso, considerou ser possível que as empresas de transporte de mercadorias se juntem à camada de manifestantes. "Nunca houve nenhuma paralisação promovida pela ANTRAM. Mas já existiram paralisações, ou seja, as pessoas quando ficam de cabeça perdida tomam o tipo de ações que acharem mais convenientes", disse, remetendo para a memória do verão de 2019..Preços devem subir mais 1,5 cêntimos na próxima semana.Em Portugal, os preços dos combustíveis continuam em rota ascendente. De acordo com a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), a 1 de janeiro o preço médio do litro de gasolina simples 95 era 1,41 euros . Já o do gasóleo era 1,25 euros. Dez meses volvidos, os preços médios da gasolina simples 95 e do gasóleo simples vão em 1,73 euros e 1,53 euros, respetivamente. Desde o início do ano, o gasóleo já encareceu 38 vezes e desceu apenas em oito ocasiões. Já a gasolina aumentou 30 vezes e recuou apenas em sete ocasiões..De acordo com a SIC, o preço dos combustíveis deverá voltar a aumentar na próxima segunda-feira. Uma fonte do setor, citada pela estação de Paço d"Arcos na quinta-feira, fez saber que o aumento deverá rondar os 1,5 cêntimos tanto na gasolina como no gasóleo, sendo o aumento justificado pela subida de preço dos produtos refinados nos mercados internacionais..De acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), um dos motivos que estão na origem dos elevados preços dos combustíveis está na estrutura dos preços. Segundo o boletim dos combustíveis do regulador relativo ao segundo trimestre de 2021 (o último disponível), os impostos pesam 60% no preço final da gasolina simples 95 (1,602 euros por litro), contra os 57% da média europeia (1,389 euros). No caso do gasóleo simples, o boletim do regulador da energia indica que a carga fiscal representa 56% do preço final (1,393 euros por litro) ao consumidor, contra os 52% a nível europeu (1,277 euros)..O governo português tem rejeitado mexer na carga fiscal dos combustíveis. A proposta de Orçamento do Estado para 2022 assim o demonstra. Mas, recentemente, o Executivo propôs uma lei que lhe permite intervir nas margens de comercialização dos combustíveis, procurando limitá-las em situações em que o aumento dos preços não se justifique. A medida foi aprovada no Parlamento, na generalidade, com votos contra do Chega, CDS-PP e IL e abstenção do PSD. O diploma baixou à especialidade, onde, apesar dos alertas de agentes do mercado, foi aprovada.