O valor de trocas globais de bens e serviços tocou no ano passado novos máximos, crescendo para cerca de 28,5 biliões de dólares norte-americanos, revela esta quinta-feira Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)..Os dados da organização, que não consideram o comércio intraeuropeu, dão conta de uma subida de 13% no valor do comércio global face àquele que se registava imediatamente antes da pandemia, em 2019. O aumento foi de 25% relativamente aos números de 2020..Os resultados finais de 2021 confirmam a manutenção de uma trajetória forte de crescimento nas trocas mundiais de bens, também com o comércio de serviços a superar já, a nível global, os valores anteriores à pandemia..As melhorias ocorrem, segundo a UNCTAD, perante uma bom desempenho no primeiro semestre do ano, rematado depois por um quatro trimestre forte, também o melhor de sempre, mas que fica marcado por crescimentos maiores das trocas entre os países em desenvolvimento..A União Europeia apresenta um dos menores crescimentos, com as exportações de bens do quatro trimestre 10% acima do valor registado no mesmo período de 2019. Já o valor de importações do bloco subiu 27%, também na relação com o registo pré-pandemia..Entre o conjunto dos países desenvolvidos, o crescimento de exportações para o mesmo período foi de 19%, com a importações a subirem 25%..Já entre os países em desenvolvimento, as vendas de bens e serviços no quatro trimestre superavam em 35% as do mesmo período de 2019, com as importações numa subida de 28%..Já nas trocas de serviços, a União Europeia também se distingue por não ter atingido a recuperação. Os últimos dados disponíveis, apresentados pela UNCTAD, mostram que as vendas de serviços dos 27 ao resto do mundo estavam no terceiro trimestre ainda 1% abaixo dos valores do mesmo período de 2019, com as importações de serviços também 4% inferiores ao nível pré-pandémico..O melhor desempenho das economias menos desenvolvidas reflete, segundo aponta a UNCTAD, o facto de serem grandes exportadoras de matérias-primas, que encareceram, circunstância que também justifica o crescimento dos valores globais de trocas do último ano.."A tendência positiva para o comércio internacional em 2021 foi largamente resultado de subidas nos preços das matérias-primas, da diminuição das restrições pandémicas e da forte recuperação da procura devido aos pacotes de estímulo económico", explica a nota de hoje da organização das Nações Unidas..Estes são fatores que não deverão perdurar - pelo menos, na mesma escala -, o que permite antecipar uma evolução mais moderada no comércio internacional em 2022..Até porque, avisa a UNCTAD, estarão em jogo mais fatores de abrandamento: a revisão em baixa do crescimento previsto para as economias dos Estados Unidos e da China; a continuação de alguns estrangulamentos e atrasos nas cadeias de abastecimento, às quais se junta a tendência de os agentes económicos procurarem fornecedores geograficamente mais próximos; novos acordos comerciais regionais, que também contribuirão para o encurtamento das cadeias de comércio globais; medidas e políticas de transição ambiental que favorecerão algumas matérias-primas em detrimento de outras; e o maior endividamento dos países, que poderá limitar investimentos e afetar negativamente as trocas comerciais.