Comissão Europeia retira vídeo "racista" de 127 mil euros

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A Comissão Europeia decidiu retirar de circulação um vídeo institucional que promove o alargamento da União Europeia. Razão: a peça está a ser acusada de conter uma mensagem "racista" e terá terá custado 127 mil euros.

O vídeo, que tem alusões evidentes à saga Kill Bill, de Quentin Tarantino, mostra uma mulher branca vestida de amarelo sozinha num armazém vazio que é cercada por homens com uma atitude agressiva.

Problema: são três praticantes de artes marciais de outras origens, designadamente um chinês, um brasileiro e um indiano com uma arma branca (um sabre).

O filme, intitulado "Quantos mais formos, mais fortes seremos", termina com os três atacantes rendidos à mulher branca que se multiplica por doze, tantas quanto as estrelas amarelas da bandeira da União Europeia. Uma mensagem de "respeito mútuo", argumentou Bruxelas. Segundo a edição online do jornal inglês The Telegraph, a obra custou 127 mil euros.

De acordo com o porta-voz da Comissão para a área do Alargamento, "recebemos muito retorno sobre o nosso último videoclip, incluindo pessoas preocupadas com a mensagem que este passava".

Stefano Sannino disse que "o clip não tinha qualquer intenção de ser racista e, obviamente, lamentamos que tenha sido percecionado desta forma. Pedimos desculpa a quem se tenha sentido ofendido. Dadas estas controvérsias, decidimos parar com a campanha imediatamente e retirar o vídeo".

O porta-voz explicou a ideia original do filme: "o clip é protagonizado por três personagens típicos das artes marciais: mestres de kung fu (China), capoeira (Brasil) e kalaripayattu (Índia)". "Começa com estes a demonstrarem a sua perícia e acaba com todos os personagens a mostra respeito mútuo".

Segundo a mesma fonte, o plano era que o vídeo fosse viral (para difundir através de redes sociais, como o Facebook), tendo sido testado previamente num público alvo jovem, dos 16 aos 24 anos, que mostrou ter recebido bem a mensagem do filme. "As reações destas audiências alvo foram positivas", recordou Stefano Sannino.

Vários observadores mostraram-se algo estupefactos com o conteúdo do filme. Pawel Swidlicki, analista da Open Europe, disse ao The Guardian que a obra é de "gosto dúbio". E "é estranha", tendo em conta que, "por norma, a Comissão é mais do género Kumbayah [cântico espiritual cristão usado nos Escuteiros" nestas iniciativas, ironizou.

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