Como a guerra impactou as audiências

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Também em Portugal os efeitos da invasão russa à Ucrânia nas audiências de televisão foram sentidos logo no próprio dia e, sobretudo, na primeira semana. A invasão começou na madrugada de 24 de fevereiro e, se compararmos os valores de audiência dos canais portugueses de informação no cabo verificados no dia 23 de fevereiro, um dia antes, e no dia 24, veremos uma diferença significativa. No dia 23 de fevereiro, a SIC Notícias obteve um share médio diário de 2% e, no dia 24, saltou para 4,2%, mais do dobro. Portanto, a CNN passou de 3% de share, no dia 23, para 5,1%, no dia 24; a RTP3 passou de 1,5 % de share para 2% e a CMTV foi a única estação que teve uma quebra - no dia 23 registou 5,7% e no dia 24 obteve 5,1% de share. De uma forma geral, estes canais informativos registaram o seu melhor resultado no decurso da primeira semana da guerra.

Assim, a CNN obteve o seu valor mais alto com 6,6% no dia 26 de fevereiro, a CMTV registou 6% a 25 de fevereiro, a SIC Notícias teve 4,4% a 28 de fevereiro e a RTP3 ficou pelos 2,5% também no dia 25. Ao longo do mês de março estes canais continuaram a investir na informação sobre a situação na Ucrânia e obtiveram os seguintes shares médios mensais: CNN 4,6%, CMTV 4%, SIC Notícias 3,2% e RTP3 1,6%. Estes resultados comparam com os obtidos em janeiro, o mês da campanha eleitoral e das legislativas, da seguinte forma: a CMTV em janeiro teve 4%, a CNN teve 2%, a SIC Notícias 1,9% e a RTP3 teve 1,3%. Interessante é também olhar para o resultado obtido no dia das eleições legislativas, 30 de janeiro: a CMTV teve um share médio diário de 4,5%, a CNN registou 3,9%, a SIC Notícias teve 2,6% e a RTP3 ficou nos 1,8%. Outro dado a ter em conta é que o impacto do noticiário da guerra nos canais generalistas foi reduzido em termos de alteração de audiências, com exceção aos primeiros dias da invasão.

Continuando nas audiências de televisão e na informação sobre a guerra na Ucrânia, apenas três programas, ambos da CNN, conseguiram colocar-se entre os mais vistos do cabo desde o início do ano e na primeira semana da invasão. A CNN Portugal, que tinha começado a emitir em finais de novembro, consolidou-se com o trabalho que tem feito em torno da invasão - e claro que beneficiou de ter uma marca internacional e de referência. Rapidamente ultrapassou a SIC Notícias e assumiu-se, com o DNA da marca Breaking News. No entanto, e em termos globais, apesar da situação mundial, o noticiário desportivo continua a ser o conteúdo mais procurado e, aí, a CMTV é imbatível. Se fizermos o resumo do 1º trimestre do ano, nos 50 programas mais vistos do cabo, 47 foram da CMTV e 3 da CNN, todos relativos à primeira semana da guerra.

Voltando aos canais generalistas, o principal ponto a destacar do primeiro trimestre é a recuperação da TVI, que no início do ano estava a 1,2 pontos de share da SIC e que no final do março tinha reduzido a diferença para 0,9%. A RTP1 registou uma ligeira evolução, de 10,4% de share médio, em janeiro, para 10,8%, em março, enquanto a RTP2 passou de 1%, em janeiro, para 0,8%, em março. O mês de fevereiro foi aquele em que a SIC e a TVI obtiveram o melhor resultado, respetivamente 17,7% e 16,8% de share médio mensal.

Nos canais generalistas, olhando para os 50 programas mais vistos, 29 foram emitidos na TVI, 18 na SIC e 3 na RTP1 - e a TVI está a ganhar terreno no horário nobre, o mais importante comercialmente. E também aqui, nos canais generalistas, o desporto é quem mais ordena: as transmissões de jogos de futebol (com o Portugal-Macedónia do Norte à cabeça) e o Big Brother Famosos, ocupam os dez primeiros lugares dos programas mais vistos do trimestre. Só em 14º lugar aparece uma emissão do "Isto É Gozar Com Quem Trabalha" e na 15ª posição está o mais visto dos debates eleitorais, entre Catarina Martins e Rui Rio, transmitido pela SIC. E assim terminou o primeiro trimestre televisivo - marcado pela guerra nos canais de cabo e pelo futebol e reality shows nos canais generalistas.

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