Tem consciência da redução de rendimento que o espera na hora de se reformar? Para preservar o nível financeiro que tem hoje, tome medidas para complementar a sua pensão
O sistema de previdência está em crise, e não há uma solução milagrosa. Como não podemos contar apenas com a pensão da Segurança Social, devemos reforçar ou começar as nossas poupanças pessoais e aumentar a literacia financeira para fazer valer o dinheiro que temos e acautelar o futuro.
É que a quebra de rendimentos para quem se reformar nos próximos 20 anos situa-se nos 30%, segundo a Proteste Investe. Esta publicação ligada à Associação de Defesa do Consumidor fez as contas: quem tem hoje um salário mensal de 1500 euros e pense reformar-se dentro de dez anos, o salário que irá auferir à data da reforma será de 1828 euros e a pensão de reforma deverá ser de 1294 euros. Ou seja, a perda de rendimento estimada é de 535 euros.
Pode fazer os cálculos para chegar ao valor da sua pensão de reforma real no simulador de “capital acumulado e renda vitalícia” do portal da Segurança Social Direta.
Tem de começar a poupar o quanto antes para manter o mesmo nível de rendimento quando chegar à idade da reforma, que, em Portugal, subirá para 66 anos e quatro meses em 2018. E mais: tendo em conta o aumento da esperança média de vida à nascença em Portugal, que, segundo a Pordata, é de 80 anos para quem nasceu em 2015, daqui a duas décadas a idade legal da reforma poderá subir para os 68 anos, revela um estudo da Comissão Europeia.
A questão é: como pode compensar a perda de rendimento das pensões do sistema público? Existem centenas de planos poupança reforma (PPR) em Portugal, cada um com uma estratégia de investimento diferente. Tenha em atenção a sua situação particular.
Se ainda está longe da idade da reforma, pode optar por um fundo de investimento PPR com maior componente de ações. Mas à medida que se aproxima da reforma, procure um fundo com um perfil neutro ou defensivo, com maior componente de obrigações. Se estiver a menos de dez anos, prefira uma solução de capital garantido.
Os planos com base em fundos têm maior potencial de valorização do que os seguros, mas a rentabilidade, que é a diferença entre o preço de venda e o preço de compra, não está garantida. Já os seguros PPR têm rentabilidades mais baixas, mas, em contrapartida, o capital está garantido.
Conte com a comissão de gestão, que é um dos custos associados aos fundos de investimento e aos seguros de capitalização. Trata-se de uma percentagem que é retirada ao valor do fundo para remunerar a sociedade gestora ou a seguradora. Este encargo influencia o desempenho global do produto. Quanto maior for, mais prejudicará o rendimento.
Os valores de rentabilidade de um fundo têm por base o seu histórico. Mas atenção ao mantra dos economistas: rentabilidades passadas não oferecem garantia quanto ao rendimento futuro. Quanto ao risco, uma das formas de o medir é através das flutuações das ações e dos mercados. Quanto mais voláteis, maior será o risco.
Mesmo que opte pelos melhores produtos do mercado, será muito difícil compensar as perdas de rendimento se começar tarde. Já depois dos 60 anos, os especialistas recomendam reduzir o nível de risco e optar por produtos com garantia de capital.
Começar a pensar na reforma aos 40 anos é hoje demasiado tarde. Comece mais cedo a calcular como pode contornar o buraco da perda de rendimento que se espera na idade da reforma e como complementar a pensão do Estado.