Há três anos, Matthew Santoro era um contabilista que tinha um canal no YouTube com apenas alguns milhares de subscritores. O seu primeiro vídeo foi sobre o Papa, quando o Vaticano lançou um serviço intrigante – um número para o qual se podia enviar mensagens ao Pontífice. Depois deambulou por vários géneros, mas a frequência dos uploads não era alta. Só que um dia foi despedido da empresa onde trabalhava: a partir daí, o YouTube tornou-se um caminho alternativo. E Santoro encontrou uma fórmula de sucesso: começou a fazer vídeos de listas sobre coisas bizarras.
Tornou-se conhecido pelos vídeos “50 Amazing Facts”, levou o “trabalho” a sério e explodiu. Hoje tem 5,5 milhões de seguidores no canal principal e mais dois canais, um de vlogs (diários em vídeo) e um de videojogos.
Canadiano, Santoro mudou-se para Toronto e começou a fechar contratos de patrocínio e publicidade. A 9 de agosto vai publicar o seu primeiro livro, “Mind = Blown”, e tem aspirações de se mudar para Los Angeles durante algum tempo para tentar a sua sorte na cidade das estrelas. Como é que conseguiu tudo isto?
“Não há maneira de saber se um vídeo vai ter sucesso ou não”, confessou-me, quando nos sentámos para falar durante a VidCon, a maior convenção de vídeo online do mundo. Santoro foi um dos 400 criadores convidados para falarem na conferência, que este ano atraiu mais de 25 mil pessoas (os números ainda não estão fechados).
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“Se eu tivesse uma fórmula, vendia-a”, disse, rindo. A sua personalidade brincalhona foi uma das bases do sucesso, mas o canadiano também atraiu as atenções quando acidentalmente tornou público um vídeo em que confessava ter sido vítima de violência doméstica. Nesta espécie de confessionário, Santoro revelou que foi sujeito a maus tratos físicos e verbais por uma ex-namorada, sem nunca a nomear. Mas a internet percebeu que era Nicole Arbour, outra Youtuber que fez manchetes com vídeos altamente ofensivos (“Dear Fat People”, “Dear Black People”). Ela respondeu chamando-lhe fracote choramingão. Mas isto não ajudou apenas à popularidade de Santoro.
“No início foi embaraçoso. Mas ajudou muita gente. Ainda recebo emails quase todos os dias de pessoas a dizerem que eu as inspirei a saírem de maus relacionamentos”, conta.
Agora que o seu nome é uma marca, Santoro vive (muito) confortavelmente. “O momento em que eu soube que ia fazer isto a tempo inteiro foi quando comecei a ganhar o mesmo que quando era contabilista. Foi aí que disse, ‘ok, consigo pagar as contas com isto’.”
É o que almejam alguns dos Youtubers portugueses mais proeminentes, apesar de Portugal ser um mercado pequeno para o vídeo online. Em setembro, vai decorrer no Porto uma versão nacional da VidCon, o VidYou Festival – e muitos destes Youtubers estarão por lá. Diogo Sena, Miguel Luz, Mr. Remedy, Nurb, Inês Rochinha já têm presença confirmada.
É um mercado cada vez mais populoso, mas Santoro deixa alguns conselhos para quem queira seguir as suas pisadas: “Sejam vocês próprios. Façam o conteúdo que gostariam de ver, que vos apaixona, e publiquem conteúdos positivos”, sugere. “Trabalhem arduamente, acreditem em vocês e um dia vai acontecer.”