Exactamente por isto não faço questão que os meus filhos, os meus rapazes, passem comigo estes dias. Se existe escolha - vicissitudes dos filhos de pais que não vivem juntos - então estejam onde a festa for mais animada e natalícia..Regressada da viagem de fim de semana - gosto muito de viajar para fora do país nesta altura (também porque é mais barato) mas este ano, com uma bebé pequenina, preferi ficar por cá fomos até ao Algarve - fui buscar o meu filho Afonso. A caminho de casa contou-nos a prenda que tinha recebido, felizmente assim mesmo no singular porque como aquilo que queria mesmo não era barato, a família juntou-se para lhe poder concretizar o desejo. Quando chegámos, e desculpem os mais sensíveis, mas apesar do miúda acreditar no Pai Natal não lhe atribui qualquer crédito na parte das ofertas, perguntou-me: tens uma surpresa (é assim que o meu filho chama aos presentes)?.Podia fingir que sou uma pessoa totalmente resolvida com as minhas opções não consumistas mas assumo que a pergunta me provocou alguma angústia. A minha opção de não comprar prendas é muito antiga e foi sendo gradualmente aceite por todos, mas o meu filho tem apenas cinco anos e ainda exige alguma sensibilidade na explicação..- Não, não tenho meu amor. A mãe comprou-te aquela coisa que querias muito há pouco tempo, lembras-te? E quando quiseres muito outra coisa vamos poupar para isso..Explicação aceite. Temos felizmente o privilégio de ter muitos brinquedos no quarto e saúde para brincar com eles. Pode parecer conversa de candidata a Miss Universo mas basta-me (e basta-nos mesmo isso).