Não faltou nas despensas das famílias portuguesas em tempos de pandemia e a produção nacional refletiu a procura. No ano passado a indústria nacional produziu 72 mil toneladas, mais 11 mil toneladas do que em 2019, tendo gerado 365 milhões de euros, mais 40 milhões do que ano anterior. Foi a corrida aos super, mas não só. "O consumo acelerou, naturalmente e como seria expectável nos primeiros meses, mantendo-se posteriormente constante embora acima de anos anteriores, alavancado também pela campanha "Vamos conservar o que é nosso" que levamos a cabo durante o ano", adianta José Maria Freitas, presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP)..Os números dão conta da procura nacional no ano passado. "Houve um aumento de 16% na procura de conservas nacionais, assim como 14% no volume de vendas e 20% em valor", descreve José Maria Freitas. "O peixe mais consumido em conserva é o atum (86%), seguido da sardinha (6%). Do top 5 das conservas mais consumidas fazem parte ainda a cavala, bacalhau e lulas", diz o presidente da ANICP..Conservas de especialidade mais procuradas.As conservas de especialidade foram aquelas que mais beneficiaram desta procura do consumidor nacional. "Foram claramente as de especialidade que, comparativamente, mais cresceram (40%) e mais ganharam terreno às conservas consideradas tradicionais o que vem demonstrar que as conservas estão gradualmente a deixar de ser encaradas como um produto básico para, crescentemente, serem consideradas uma refeição completa e até sofisticada", explica. E uma opção de consumo frequente nos lares nacionais. "No que toca à frequência de consumo, grande parte (42%) consome uma ou duas vezes por semana, contudo, compram (47%) menos de uma vez por semana", refere José Maria Freitas..""Vamos conservar o que é nosso" cumpriu a missão de levar as conservas portuguesas a cada vez mais consumidores e conquistar uma maior presença à mesa dos portugueses de todas as idades. Tivemos, também, a preocupação em sensibilizar os chefs, mas também a distribuição alimentar, enquanto parceiros fundamentais para valorizar este produto ímpar e saudável", diz..Exportações sobem .Aumento de procura pela conserva portuguesa que também se fez sentir lá fora. Seguiram no ano passado 51,3 mil toneladas para o mercado externo, uma subida de 17,4% face às 43,7 mil toneladas exportadas em 2019, o que representou a entrada de 256,5 milhões de euros, mais 13,2% do que em relação aos 226,7 milhões obtidos no ano anterior, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística.."A nossa expectativa é que esta tendência de crescimento da procura possa continuar acima dos dois dígitos em termos globais, tanto a nível interno como externo, e que mais portugueses façam a substituição de produtos que consomem de importação por outros com a origem portuguesa e com o selo "Vamos conservar o que é nosso"", aponta José Maria Freitas.."A expectativa é a de que haja mais experimentação e consumo de outros produtos de especialidade - atualmente existem já 28 espécies diferentes de peixe em conserva - inclusivamente com propostas de receitas inovadoras, mas também de produtos com certificações MSC [certificação de pesca sustentável] que comprovam que as pescarias não estragam o ecossistema marinho."