Numa conjuntura em que empresas de renome sucumbiram à crise e despediram centenas de trabalhadores da construção civil, há pelo menos um caso de uma construtora que cresceu no mercado interno (antes de se internacionalizar) e contratou mais 30% de funcionários. Afinal, esta já não é a primeira crise que a construtora Lucios, fundada nos anos 40, em Vila do Conde, teve de ultrapassar. Nas mãos da terceira geração, a Lucios está mais saudável do que nunca.
Mas como é que uma construtora que, em 2007, tinha um
volume de negócios de 21,9 milhões de euros, mais do que duplicou a
atividade e aumentou os quadros de pessoal de 200 para 300 funcionários?
"Tinhamos
uma estratégia de crescimento desde 2004 que foi apanhada pela crise,
mas adaptamo-nos e conseguimos atingir o patamar pretendido, que são os
50 milhões de euros", responde, de forma natural, o administrador e neto do fundador, Filipe Azevedo.
A transformação do edifício da Bolsa do Pescado, no Porto, num hotel de quatro estrelas em pouco mais de um ano de obra, a concluir até ao final de outubro de 2014, é apenas uma parte dos trabalhos de monta que a construtora Lucios tem em carteira. Vai permitir encaixar mais de 7 milhões de euros e vai impulsionar o volume de negócios da empresa para "51 ou 52 milhões de euros", segundo Filipe Azevedo.
Entre as maiores obras já concluídas da Lucios encontra-se a construção do imponente Hotel Intercontinental do Porto e a conversão do antigo cinema Águia D'Ouro no artístico Hotel B&B. Perto deste, iniciou há pouco a reconstrução do antigo edifício da Portugal Telecom, que renascerá dentro de um ano como hotel de 4 estrelas. O Palácio Batalha Hotel vale perto de cinco milhões de euros para a Lucios.
"Acreditamos que o forte know-how que temos vindo a assumir na reabilitação de edifícios, com particular destaque para o setor hoteleiro, e a nossa constante preocupação em garantir o conforto e a qualidade, sem perder de vista as características arquitectónicas já existentes, nos distinguem da concorrência", adianta.
"É verdade que temos trabalhado em muitos hotéis, mas temos muito mais obras", remata Filipe Azevedo.
Em Moçambique, mercado onde a empresa se instalou em 2011, a nota dominante têm sido os condomínios privados, como o Maputo Bay e outros três empreendimentos em que a Lucios está a trabalhar. "Tinhamos uma expetativa de faturar 15 a 20 milhões de dólares em 2014, mas já a ultrapassamos. Temos compromissos assinados no valor de 35 milhões de dólares", revela o administrador. Na antiga colónia, a Lucios já emprega cerca de 40 moçambicanos e cerca de uma dúzia de portugueses expatriados.
Mas em França, onde começam este mês as obras de reabilitação do antigo Banco de França, em Vichy, transformado em edifício de habitação e comércio, as equipas serão portuguesas e preparam-se para a partida. "Procuramos privilegiar os funcionários da casa, que já estão treinados por nós", justifica Filipe Azevedo.