Continente diz adeus a 35 milhões de palhinhas de plástico até final do ano

No âmbito da política de uso de plástico sustentável, a cadeia já alcançou "um nível de poupança de 4,2 mil toneladas por ano de plástico virgem".
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É um objeto pequeno, faz as delícias de crianças e graúdos, mas é um dos principais focos de poluição pelo plástico nos oceanos. Até ao final do ano, o Continente vai acabar com as palhinhas de plástico nos pacotes de leite, sumos, néctares e iced teas de marca própria. Com a sua substituição por palhinhas de papel recicláveis a insígnia da Sonae elimina do circuito ambiental 35 milhões de palhinhas de plástico.

"Até ao final do ano, o Continente vai substituir todas as palhinhas de plástico dos pacotes de leite, sumos, néctares e iced teas de marca própria, por palhinhas de papel recicláveis. Todas as novas palhinhas, tal como todos os pacotes de leites e sumos da marca Continente, são fabricadas com papel certificado FSC, provenientes de florestas geridas de forma responsável", adianta Ana Alves, diretora comercial marcas próprias da Sonae MC, em declarações ao Dinheiro Vivo. "Com a substituição das palhinhas de todos os pacotes de leite e sumos de marca própria Continente, evitaremos 35 milhões de palhinhas de plástico por ano", refere.

"Este projeto envolve diferentes fornecedores e diferentes categorias de produtos. Resulta de trabalho de equipa e da parceria que estabelecemos com os nossos fornecedores, e contamos também com a Sociedade Ponto Verde para a validação das soluções que desenvolvemos para os produtos e embalagens da marca Continente", acrescenta.

As palhinhas são de papel, mas o invólucro mantém-se de plástico. O Continente admite estar ainda à procura de soluções. "O foco deste movimento são as palhinhas em si, pois são um dos principais materiais responsáveis pela poluição dos oceanos. Os invólucros estão colados aos pacotes de leite ou sumo, e assim devem manter-se, para que possam ser encaminhados para o ecoponto amarelo tal como a palhinha, colocada no seu interior. Por outro lado, as novas palhinhas de papel continuam a ter invólucros com plástico, porque é, atualmente, solução industrialmente possível", justifica Ana Alves.

"Em todo o caso, estamos sempre à procura de novas soluções, porque a inovação é um processo contínuo, que envolve várias equipas e que tem implicações em diferentes dimensões. Na procura por alternativas é imperativo garantir a segurança alimentar e a eficiência do processo industrial, por exemplo, mas o foco é, sem dúvida, a sustentabilidade ambiental", admite.

70% das referências de marca própria já são 100% reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis

A eliminação das palhinhas de plástico dos produtos de marca própria do Continente é mais uma das iniciativas levadas a cabo pela cadeia de retalho alimentar para reduzir a pegada de carbono provocada pelo plástico não reutilizável e que tem uma meta: até 2025 a cadeia quer que todas as embalagens de marca própria sejam 100% reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis. "Atualmente, 70% das referências de marca própria já atingiram a dita meta", adianta Pedro Lago, diretor de projetos de sustentabilidade e economia circular da Sonae MC.

Até ao momento, no âmbito dessa política de uso de plástico sustentável, a cadeia já alcançou "um nível de poupança de 4,2 mil toneladas por ano de plástico virgem. Este valor representa um crescimento de 90% em relação às 2,2 mil toneladas/ano anunciadas em abril do ano passado", adianta Pedro Lago.

Mas não só. "Além das toneladas de plástico virgem eliminadas (entre eliminação de plástico considerado desnecessário e substituição de material virgem por reciclado), substitui 50 toneladas de plásticos de baixa reciclabilidade (como o PVC) por outros materiais mais fáceis de reciclar (como o PET) em alguns dos seus produtos", refere o diretor de projetos de sustentabilidade.

Um movimento de eliminação ou substituição do plástico que tem sido transversal a todas as categorias de produto. O plástico das caixas dos cotonetes da marca já foi retirado, bem como da louça utilizada nas cafetarias; retiraram o cincho dos Queijos Frescos da marca (uma poupança de 11 toneladas de plástico/ano), reduziram a gramagem do plástico das garrafas de água de 22 cl e 50cl (uma poupança de 83 toneladas de plástico), substituíram alguns plásticos considerados problemáticos, como é o caso do "material dos rótulos das garrafas de iogurtes líquidos, uma categoria que representa 48 milhões de embalagens por ano", exemplifica Pedro Lago.

"Este mês de julho, estamos a substituir as embalagens de esferovite (outro plástico problemático para o sistema de reciclagem) dos nossos gelados continente seleção, por uma embalagem de plástico 100% reciclável, uma inovação nesta categoria de produtos e que representa mais de 60 mil embalagens por ano", revela.

A cadeia também trocou a janela transparente dos sacos de pão por um novo material celulósico, 100% reciclável com o resto do saco (no ecoponto azul). Uma inovação que evita a utilização de 94 toneladas de plástico por ano.

"Também no início deste ano lançámos o Sea Wrap, um novo saco feito de papel, 100% reciclável, revestido no interior por uma camada fina de polietileno, que evita o derrame de líquidos e garante a total conservação do produto. O cliente apenas tem de remover a fina película interior do saco e colocar no ecoponto amarelo (enquanto o saco em si tem como destino o ecoponto azul). Os novos sacos permitirão eliminar mais de 40% do plástico gasto por ano nos sacos da peixaria, evitando a utilização de 70 toneladas do material", enumera Pedro Lago.

Desde janeiro, que as bananas de Madeira chegam às lojas presas com uma cinta elástica que une os cachos em vez do anterior saco de plástico, permitindo uma poupança anual de 11 toneladas de plástico virgem. "A alteração desta embalagem não é exclusiva do Continente, mas aconteceu no retalho alimentar devido ao desafio lançado em 2019, pela Sonae MC, ao fornecedor de bananas da Madeira, para encontrar uma solução de embalagem mais amiga do ambiente", destaca Pedro Lago.

Um movimento de redução de plástico que já levou a cadeia a avançar com lojas que eliminaram o uso de plástico descartável de secções como a fruta e legumes. Foi o caso do Continente Bom Dia do Via Catarina, no Porto, bem como do Continente Bom Dia Martim Moniz.

E querem envolver os clientes também neste movimento, dando por exemplo, a possibilidade de o cliente trazer os seus próprios sacos reutilizáveis para a fruta, legumes ou pão. "Neste momento ainda não conseguimos quantificar objetivamente o impacto destas medidas, destas possibilidades, mas é indubitavelmente muito significativo, na prevenção da utilização de consumíveis e embalagens descartáveis", refere Pedro Lago.

"Os clientes do Continente Online são encorajados a devolver os sacos das compras no momento de entrega da compra seguinte, tendo como benefício o reembolso do valor dos mesmos em saldo em Cartão Continente, sendo a marca responsável por garantir a sua reciclagem", refere ainda.

E para eliminar o plástico na origem, a cadeia está a trabalhar em embalagens 100% biodegradáveis e compostáveis. É o caso do projeto YPACK, cofinanciado pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia.

"Estando já numa fase avançada de testes, o YPACK vai abrir caminho para a introdução no mercado não só de um novo tipo de embalagem – segura para os alimentos e que os conserva durante mais tempo –, como também de um produto biodegradável – recolhido a partir de produtos alimentares desperdiçados, tais como soro de leite e cascas de amêndoa –, e que poderá ser usado como fertilizante para a terra, uma vez que se degrada à base de H2O e Co2, entrando assim novamente no ciclo, numa lógica de bioeconomia circular: uma economia circular assente em soluções que utilizam recursos e resíduos biológicos", diz Pedro Lago.

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