Costa. Novo confinamento deverá ter o "horizonte de um mês"

O primeiro-ministro referiu que as medidas mais restritivas ao fim de semana terão de ser revistas. Governo anuncia medidas nesta quarta-feira.
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O próximo período de confinamento deverá ser de um mês, admitiu esta terça-feira o primeiro-ministro depois da reunião com os especialistas no Infarmed, indicando que as medidas serão semelhantes às adotadas em março e abril do ano passado.

"Como impõe a Constituição e a Lei, é necessário proceder às renovações quinzenais do estado de emergência, mas devemos encarar a necessidade de as medidas que venhamos a adotar tenham um horizonte de um mês", anunciou António Costa.

O primeiro-ministro admitiu que as medidas podem ser revistas ao longo desse mês de confinamento. "Podemos ter a esperança de que se as coisas correrem bem na primeira quinzena aquilo que adotarmos para a segunda quinzena possa ser mais aligeirado, como também nunca poderemos desconsiderar a hipótese de que aquilo que adotarmos não for suficiente temos de adotar medidas ainda mais rígidas na segunda quinzena", sublinhou o primeiro-ministro.

António Costa justificou a necessidade de um mês com o período necessário para que as medidas comecem a surtir efeito. "O que a experiência nos tem ensinado a todos é que entre um momento da decisão e de começarem a termos efeitos visíveis na alteração da curva da pandemia há sempre uma dilação entre duas semanas, três semanas e é por isso que devemos encarar isto num horizonte do próximo mês", frisou.

O primeiro-ministro lembrou que o número de casos tem vindo a aumentar e deve manter essa trajetória. "Hoje vamos ter números acima dos sete mil novos infetados", indicou António Costa no final do encontro que desta vez não contou com a presença física do Presidente da República por estar em isolamento profilático, depois de ter testado positivo à covid-19.

"Houve algo que foi dito nesta reunião do estudo sobre perceções sociais e que a perceção do risco tem vindo a diminuir, levando a menos utilização de máscara", apontou, lembrando que "não é pelo facto de já haver vacina que nós estamos já protegidos. O período de vacinação vai ser muito longo", avisou.

Durante o encontro em Lisboa, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes indicou que dificilmente se evitará os 154 óbitos por dia de covid-19 dentro de duas semanas e 14 000 casos diários, o que considerou ser inaceitável.

Na reunião no Infarmed sobre a situação epidemiológica em Portugal, o investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa apresentou projeções sobre o que acontecerá se houver uma desaceleração do número de novos casos, inspirada naquilo que aconteceu na primeira onda da epidemia, que começa por "subir exponencialmente", atinge o pico e desacelera.

Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.

O primeiro-ministro lembrou ainda que "sempre que abrimos as atividades, isso melhora a atividade e piora a pandemia", indicando que o Governo definiu uma "hierarquia de valores muito clara: acima de tudo está a vida das pessoas e a saúde das pessoas", garantindo o "apoio ao rendimento das famílias, da manutenção do emprego e as empresas que mais serão atingidas com o encerramento das atividades. Mais contenção significa maior apoio", assegurou.

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