A "aposta no crescimento" é porventura a expressão mais oca e sem sentido utilizada pelos últimos governos para expressar o seu compromisso com o crescimento económico. Como se o crescimento fosse um jogo de casino, totobola ou lotaria onde se ganha ou se perde por simples palpite..Mas não, o crescimento não acontece por sorte ou azar, mas pela ação determinada e concertada de empresários e empresas e de políticas públicas incentivadoras de um clima favorável ao investimento, à organização empresarial, à adoção de novas tecnologias, à formação. Sem essas, o crescimento torna-se impossível..Ao contrário, as políticas públicas seguidas, nomeadamente sob a influência dos segmentos das esquerdas mais extremas do governo em fim de mandato, hostis ao livre empreendedorismo e à ideia de lucro, considerado especulação mesmo que legítimo, só poderiam trazer um resultado, crescimento endémico ou mesmo a estagnação, nas palavras recentes da Comissária Elisa Ferreira..As eleições trouxeram-nos um novo Governo. O mínimo que se pode esperar é que abandone as "apostas" dos antecessores e empreenda ações adequadas e capazes. Exige-se um governo que, na defesa da livre iniciativa, rejeite as práticas burocráticas de licenciamento, verdadeiro condicionamento industrial, desmotivador e propiciador de corrupção. Como a mobilidade é extrema e a produção deslocalizável, há que eliminar os custos de contexto que impedem uma normal afirmação da iniciativa empresarial..Exige-se um governo que assegure uma justiça em tempo e crie os mecanismos necessários à superação da autogestão em que se encontra..Exige-se um governo que leve a um Estado menos produtor e mais regulador, garantindo uma livre economia de mercado, dentro da mais estrita defesa da concorrência..Exige-se um governo que distinga entre a obrigação de garantir serviços públicos essenciais e a sua prestação concreta. Um governo que admita que os recursos são escassos, e os aplique olhando para a capacidade instalada e disponível, evitando investimentos públicos dispensáveis. Porque o que vemos não é animador. Segundo o Ponto de Situação do PRR, dos 3,9 mil milhões de euros de fundos até agora aprovados, apenas 100.000 euros se destinam às empresas privadas..Persistindo o modelo, é certo que não haverá crescimento. Nisso aposto eu..Economista