Chegámos ao ponto em que os Estados têm que tomar uma decisão sobre o que fazer quanto às criptomoedas. O aumento explosivo do ransomware em 2021 com uns estimados 102.3 milhões de dólares anuais e mais de 60 variantes diferentes (com as variantes REvil/Sodinokibi, Conti, DarkSide, Avaddon, e Phobos em especial destaque) a dependência estabelecida e necessária entre as criptomoedas, e especialmente a Bitcoin e o cada vez mais amplo leque de alvos desde particulares, hospitais, escolas, esquadras de polícia, autarquias e empresas deveria estar a colocar sobre a mesa dos decisores políticos a necessidade de regular as criptomoedas. Recentemente, Espanha lançou uma série de regulações sobre o aumento exponencial da publicidade a criptomoedas usando redes sociais, influenciadores e entregando ao regulador do mercado de capitais a competência de autorizar este tipo de campanhas e garantir de que os consumidores têm plena consciência dos riscos. Por outro lado, e num contexto em que a resposta às alterações climáticas induzidas pela actividade humana se torna cada vez num imperativo urgente e directamente relacionada com a sobrevivência da civilização tal como a conhecemos é preciso que Portugal e a União Europeia se movam rapidamente no sentido de proibir a prática de mineração de criptomoedas e que a entrevista recente do vice-presidente da European Securities and Markets Authority (ESMA) Erik Thedéen onde este pediu um bloqueio a nível europeu desta actividade devido ao seu impacto no consumo energético. Com efeito o cumprimento dos objectivos de Paris, o facto de actualmente 0,6% de toda a energia global ser destinada para esta atividade improdutiva. Pode parecer pouco... mas não é. Só a mineração de Bitcoins (a criptomoeda mais popular) consome tanta energia como a Tailândia, já excede o total de emissões de toda a indústria extractiva de ouro e emite um total estimado de 90 megatoneladas de CO2 anuais (numa subida a partir de 22 em 2019). Nos começos de Janeiro de 2022, o Kosovo já baniu a mineração de criptomoedas no seu país como forma de reagir à mais grave crise energética da última década. É preciso que a Europa passe das palavras e acção e tome medidas no sentido de proibir a mineração de criptomoedas no espaço europeu..Rui Martins, CpC - Cidadãos pela Cibersegurança