Já nem o samba está a cativar os investidores. Considerado um
dos mercados emergentes mais promissores e uma grande aposta de
investimento, o Brasil está a desiludir. O principal índice
bolsista - o Bovespa - acumula uma desvalorização de 23% em 2011,
fortemente alimentado pela queda de 6% registada em Setembro. E nem o
real consegue escapar, ao apresentar uma depreciação de 13% face ao
dólar. Apesar de ter a sua origem no outro lado do Atlântico, a
crise da dívida soberana europeia atravessou o oceano e é uma das
principais (senão a principal) razões que explicam a fuga dos
investidores e a pressão vendedora.
"A crise da dívida explica os dois factores que estão a
penalizar a Bolsa brasileira: a aversão a activos de risco e o forte
abrandamento económico mundial", justificou Paulo Santos,
analista da XTB em declarações ao Dinheiro Vivo. Classificadas como
activos de risco, as acções dos mercados emergentes (sobretudo as
do Brasil) estão a sofrer na pele a aversão dos investidores, que
preferem apostar em instrumentos mais seguros. A somar a isto, o país
de Dilma Rousseff é um maiores fornecedores de matérias-primas do
mundo, o que, com o expectável abrandamento económico resultante
das medidas de austeridade impostas pela crise, o torna num alvo
fácil face ao enfraquecimento de algumas grandes potências
mundiais.
Na prática, a maior economia da América Latina e o seu mercado
de capitais tornaram-se reféns das mesmas dúvidas que assolam a
Zona Euro. Se a inflação atingiu os 7,23% nos últimos 12 meses
terminados em Agosto, no Bovespa foram as acções das retalhistas
que lideraram as perdas no último mês. Exemplo disso foi o tombo de
27% dos títulos da Hypermarcas ou a queda de 26% dos papéis da
Marfrig. Em sentido inverso, as acções da Embraer arrecadaram a
melhor prestação ao escalarem 17%.
Tudo indica que os investidores vão continuar a apostar ao som de
outra música que não o samba, até que seja encontrada uma solução
definitiva para a crise da dívida.