Crise é sinónimo de menos diversão, futebol, viagens e refeições fora

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Um autor que se proponha romancear o período de dificuldades que a

população portuguesa atravessa e quiser batizar a crise com algum rigor

matemático pode chamar-lhe "senhora dez por cento".Dados reunidos

pela agência Lusa revelam que é à volta dessa percentagem que se situam

muitas das quedas no consumo apuradas durante o presente ano,

relativamente a 2011, quando a queda na disponibilidade financeira das

pessoas já era acentuada.Os números com maiores dimensões surgem

no transporte pesado que são os comboios. Este ano, até final de

setembro, a quebra no número de passageiros da CP ultrapassou os 10,7

milhões de passageiros, em relação ao mesmo período de 2011, revelam os

números disponibilizados à Lusa pelas relações públicas da empresa.A

descida é de 11 por cento e traduz-se numa queda de 95,6 milhões de

utentes para 84,9 milhões, quando se comparam os dois períodos de nove

meses.Tendência parecida surge quando se aborda a questão do

transporte rodoviário. A queda no consumo de combustíveis lá está a

rondar os mesmos 10 por cento.Os últimos dados disponibilizados

pela Direção Geral da Energia e Geologia, referentes a agosto passado,

situam o decréscimo dos gastos nos postos de abastecimento de

combustíveis em 9,2 por cento no caso da gasolina e de 9,3 por cento no

gasóleo. A única exceção à quebra foi o gás GPL para automóveis, cujo

consumo aumentou 8,1%. A deslocarem-se menos, é natural que esse

corte se reflita em termos na diversão e nas chamadas saídas à noite.

Percentagens calculadas com base nos dados da empresa que disponibiliza o

pagamento a através de cartões bancários indicam que a descida nesse

campo foi de 11,1% setembro, se comparado com o que aconteceu no mesmo

mês de 2011.Embora excluam os pagamentos feitos a dinheiro, estes

são os elementos em que se baseiam as análises estatísticas, feitas

pelo portal www.conheceracrise.com, que pelo mesmo método calculam a

descida nos almoços ou jantares fora de casa em 7,9 por cento.A

sair menos e a fazer menos refeições fora de casa, surge como natural

uma queda nas idas ao cinema, neste caso bem acima dos tais "dez por

cento", atingindo os 17% no primeiro semestre deste ano, relativamente

aos primeiros seis meses de 2011.No mesmo patamar surgem os

cortes nas viagens, que em setembro foram de menos 16,9 por cento, em

relação ao mês homólogo do ano passado. O recurso ao alojamento

na hotelaria nacional também acusa os tempos difíceis e apresenta

quebras que vão desde a descida de 6,1 por cento em agosto, o mês de

maior procura, aos -21,4 por cento em abril ou -9,6 por cento em maio.Ir

cuidar da boa forma física para ginásios também desceu um quinto em

setembro (-19,7%) e as deslocações para aprimorar a imagem nos

cabeleireiros caiu igualmente, em 17,1 por cento. Acentuada foi

também a redução nas idas ao futebol, que se pode calcular em 15 por

cento, quando comparada a média das sete jornadas cumpridas este ano na

Liga Zon Sagres, o campeonato principal, com o número de espetadores que

em cada jornada foram aos estádios no ano passado.Em 2011, a

média de pessoas que assistiu aos oito jogos de cada jornada na época

passada foi de 87.665, valor que baixou para 73.709 na presente

temporada.

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