Crónicas na Corda Bamba. Escolho um único luxo: viajar

Confesso que sou pessoa de resoluções de final do ano. Na verdade, todas as datas são boas para me entregar à angústia e libertação de balanços, balancetes e acertos de contas com aquilo que tenho feito.
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Falamos de sentimentos, atitudes e falamos de contabilidade no sentido mais literal da palavra. Naquilo que não se compra, para 2015, quero saúde. No que precisa de ser comprado, para 2015 quero mais viagens, ainda mais viagens do que aquelas que consegui fazer em 2014.

Já escrevi várias crónicas sobre viajar e gastar pouco dinheiro. Obviamente que viajar será sempre um luxo, no sentido em que sobrevivemos sem viajar. O dinheiro que gastamos numa viagem poderia ser sempre poupado se não a fizéssemos. Mas, entre todos os luxos possíveis, este será sempre a minha primeira opção. Viajar descansa a cabeça, abre os olhos, ensina a relativizar e recarrega baterias para as rotinas dos dias.

Regressei de Londres ontem. Entre viagem, alojamento e alimentação gastei cerca de 300euro. Terá sido aquilo que poupei em prendas de Natal. Também podia fazer a conversão numa lista de compras no supermercado para a Consoada, em maços de tabaco que não fumo, em sapatos a que não ligo, ou todos os bolos que não comi durante o ano que passou.

Também podia fazer um discurso sobre aquilo que poupei em saúde mas o final do ano resolveu presentear-me com o regresso da minha vértebra partida e do nervo entalado que me deixa com dores alucinantes que felizmente demoraram dois anos a voltar. A alternativa à medicina convencional, e ao sistema nacional de saúde que tanto admiro, custa dinheiro.

Balanços, balancetes e demonstrações de resultados feitas, com aquilo que sobra, escolho um único luxo: viajar. Para 2015 quero aquilo que não se compra - saúde - e poupar para poder viajar. E ser feliz, já agora, dá sempre jeito.

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