Ao longo do último ano, o preço do café registou subidas significativas devido às más colheitas nos maiores produtores mundiais, o Brasil e a Colômbia, mas a situação tenderá a agravar-se com o aumento da temperatura por efeito das aletarções climáticas.
Com um clima mais quente, cientistas estimam que as áreas agora altamente adaptadas á produção de café poderão ser reduzidas em 54 a 60% até 2050. Já as áreas marginalmente adequadas sofrerão um recuo entre 5 e 3%, de acordo com o último relatório do Instituto de Ciências dos Recursos Naturais da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique, citado pelo ElEconomista.es.
O café arábica, uma dos mais populares entre as grandes marcas de café, é apontado como uma das principais vítimas, por ser uma variedade que requer condições específicas para seu cultivo. Atualmente, as áreas mais adequadas são as Américas Central e do Sul, especialmente o Brasil, assim como a África Central e Ocidental e partes do Sul e Sudeste Asiático. Aumentando a temperatura, essas áreas estão na linha da frente para sofrerem perdas significativas da aptidão para o cultivo do café.
Em contrapartida, outras áreas do globo poderão ganhar vantagem com a subida da temperatura, e passarem a ser adequdas para a cultura, como Estados Unidos, Argentina, Chile, China, África Oriental, Índia, Nova Zelândia, África do Sul, sul do Brasil e Uruguai, embora o estudo alerte que tal não acontecerá num um futuro próximo.
Perante este cenário, os produtores de café podem optar por cultivar variedades mais adaptadas a temperaturas mais altas e secas, como a robusta, ainda que marcada por um sabor mais forte.
Nos mercados internacionais, os futuros de café arábica quase triplicaram desde 2019 e obtiveram os maiores ganhos em 2021. De acordo com o jornal espanhol, o preço dessa variedade passou de cerca de 100 dólares por saco de 100 quilos (é assim que se analisam os futuros do café arábica), para cerca de 300 dólares agora. Um preço que encarece à medida que o produto vai sendo processado, acrescido dos custos associados à escassez provocada por colheitas muito reduzidas, devido a secas e geadas.