Câmaras de comércio: apoio extra em tempos de incerteza
Numa pequena economia aberta, com mercado interno reduzido e pouco capital disponível, as empresas portuguesas só podem ganhar escala através da internacionalização e da aposta no comércio externo. Este caminho tem sido feito de forma gradual nos últimos anos, como demonstra o aumento da quota de exportações no PIB, mas carece de ser reforçado e estimulado, sobretudo tendo em conta a guerra de tarifas e o potencial abrandamento desta trajetória.
Neste contexto, é crucial que as empresas encontrem nas organizações de representação diplomática e económica uma parceria diligente no acesso aos mercados, no estabelecimento de novos contactos comerciais e na articulação com entidades locais. É aqui que as câmaras de comércio – e, em particular, as de natureza bilateral – podem desempenhar um papel muito relevante, promovendo a aproximação entre empresas e os diversos stakeholders.
A Rede das Câmaras de Comércio Portuguesas no Mundo (RCCPM), constituída no último ano, é um bom exemplo deste potencial de sinergia. Com 64 membros, reúne as principais congéneres de língua portuguesa a nível mundial e constitui uma grande rede de negócios, com presença em todos os continentes. Ser apoiada pela AICEP e pela rede consular é uma garantia extra da sua relevância, facilitando o acesso dos seus afiliados a programas de apoio financeiro e serviços diplomáticos.
Este organismo – com o qual a Associação Comercial do Porto assina um protocolo de cooperação no dia 5 de maio – merece ser visto com atenção. Desde logo, pelas próprias câmaras de comércio, que se devem juntar ao projeto e contribuir para o seu desenvolvimento. Só uma rede ampla, com presença e representação em diferentes geografias, poderá cumprir totalmente o desígnio que levou à criação da RCCPM.
Para as empresas, fica o repto de se associarem a esta iniciativa e olharem para as câmaras de comércio, não como meros órgãos de representação institucional, mas como parceiros credíveis, experientes e interessados nos seus projetos de crescimento e internacionalização. No caminho das pedras em que se tornou a globalização, com a incerteza crescente e a necessidade cada vez mais premente de diversificar mercados, todas as ajudas são poucas para levar esta missão a bom porto.
*Nuno Botelho Presidente da Associação Comercial do Porto