Da terra para o prato, em nome da sustentabilidade

Ligar pequenos produtores e comércio local ao consumidor final, através de um marketplace e de eventos temáticos, é a missão da Smartfarmer, o negócio social da OIKOS em Portugal. Para 2025, o objetivo é avançar com um projeto de apoio alimentar diferenciador para o qual está à procura de parceiros.
Foto: D.R.
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A educação para o desenvolvimento e para a cidadania global são, por tradição, as áreas de trabalho e de influência da OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento – em Portugal. Há mais de três décadas e meia que esta associação sem fins lucrativos, reconhecida internacionalmente como Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), atua através de influência pública, educação e mobilização social no combate ao empobrecimento em território nacional, com projetos semelhantes aos que implementou noutros locais do mundo.

A plataforma Smartfarmer – o negócio social desta ONGD - nasce, precisamente, do desejo de dinamizar a atividade comercial de pequenos produtores locais, contribuindo para o desenvolvimento e para a sustentabilidade da atividade agrícola e de uma produção alimentar mais tradicional, e garantindo uma ligação direta com o consumidor. A ideia inicial, como explica Rita Valério, passava pela criação de uma plataforma digital

que pudesse ser gerida de uma forma descentralizada pelas associações que trabalham com agricultores e em desenvolvimento rural em Portugal. Neste modelo, acrescenta a técnica de projeto e coordenadora da Smartfarmer, “a OIKOS seria apenas um facilitador na venda entre produtores e consumidores, através do desenvolvimento de uma ferramenta digital e da capacitação de um conjunto de parceiros para que eles pudessem depois, no terreno, implementar o projeto, utilizando a plataforma, e criando uma lógica de venda, de compra direta, ao consumidor, com núcleos regionais”.

No entanto, essa primeira versão acabou por ser adaptada para um modelo de Marketplace, no qual a OIKOS se posicionou como coordenador uma vez que, como conta a responsável pelo projeto, a plataforma ganhou uma dimensão nacional. “A otimização do modelo operacional e de gestão exigiu esta alteração, e a OIKOS assumiu para si a responsabilidade de integrar os produtores para que pudessem criar a sua loja e fazer a venda online, bem como por todo o apoio ao cliente, pela gestão e pelo envio das encomendas”.

O lançamento da plataforma Smartfarmer, em 2020, aconteceu antes da data prevista por força da pandemia e, como diz Rita Valério, “para dar resposta à quebra nas vendas destes pequenos produtores durante esse período”. Ao todo, a Smartfarmer chegou a contar com cerca de 200 produtores nacionais com loja online a funcionar, e com mais de 1.000 produtos à venda, com destaque para os cabazes de produtos frescos e para os hortofrutícolas.

Em paralelo, e desde 2021, quando a pandemia permitiu maiores ajuntamentos, o projeto social da OIKOS apostou igualmente na vertente dos eventos – Feiras de Vinhos e Petiscos, Temáticas e Mercado de Natal – para materializar ainda mais a aproximação entre produtores e consumidores, e para promover o comércio local. Em três anos, já aconteceram 12 edições de Vinhos e Petiscos e duas de Natal, todas no concelho de Oeiras, “parceiro da OIKOS desde o primeiro momento”, revela a responsável.

Apoiar famílias carenciadas e contribuir para melhor nutrição

Em 2022, e assim que estalou a guerra na Ucrânia, a Smartfarmer acrescentou uma nova vertente ao projeto. A entrega de cabazes solidários aos refugiados que chegavam a Portugal concretizou-se com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras. Neste modelo, “conseguimos que os produtores da Smartfarmer escoassem os seus produtos, e que as pessoas com mais necessidades neste grupo específico recebessem os produtos alimentares de primeira necessidade”, explica Rita Valério. Uma prática que a coordenadora espera ver replicada, em 2025, através da entrega de cabazes alimentares diferenciados a famílias carenciadas, e para a qual procura parceiros, nomeadamente autarquias e juntas de freguesia.

Mas, mais do que cabazes alimentares com bens de primeira necessidade, a Smartfarmer pretende que sejam “diferenciados e à medida das necessidades de cada família”, garante a responsável. Ou seja, o objetivo é garantir que, por exemplo, numa família onde exista um membro que é celíaco ou com alguma outra alergia alimentar, o cabaz possa ir ao encontro destas necessidades específicas. Para fazê-lo, os parceiros municipais teriam apenas de emitir vales de compras e entregá-los a cada agregado. As famílias, por seu turno, teriam de fazer as suas compras no comércio local de cada região parceira. Desta forma, salienta a coordenadora do projeto, “estamos a contribuir para uma alimentação mais adequada das famílias e, em simultâneo, a dar força ao comércio local”.

Com o ano a terminar, a Smartfarmer concluiu com sucesso mais um Mercado de Natal, no Mercado Municipal de Oeiras, e nos desejos para 2025 inclui a realização dos habituais eventos e espera poder organizar novas iniciativas. O concelho de Oeiras tem o seu lugar garantido, mas Rita Valério, espera poder contar com a porta aberta noutros concelhos. O objetivo, esse continua a ser o mesmo: “aproximar produtores e consumidores, impulsionar as vendas no comércio local, e contribuir para uma melhor nutrição da população”, conclui.

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