De Espanha chegam os bons ventos do TDT mas também o custo do roaming dos telemóveis

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Para a população de Monção os "ventos" de Espanha são, afinal, até melhores que os portugueses, pelo menos a avaliar pela satisfação com o serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT) daquele país, o único a chegar ao concelho.

"Só tive que virar a antena para Espanha, porque o televisor já estava pronto para TDT. Não foi preciso mais nada para ver os resumos do Real Madrid", começa por explicar à Lusa Márcio Alves, residente em Merufe, uma freguesia de Monção, a 18 quilómetros da fronteira com a Galiza. Do lado português, para já, tem acesso aos quatro canais analógicos mas sabe que a partir de abril, pela via terrestre, nem isso vai restar. Ao todo serão mais de 7.000 pessoas do concelho de Monção, junto à fronteira, na mesma situação. "Vejo 40 canais espanhóis, mas para os do meu país querem que compre uma antena parabólica e que gaste mais de cem euros", explica Márcio Alves, também autarca naquela freguesia. Em contraponto, recorda: "Para ver o TDT espanhol não gastei um cêntimo". De comando na mão, passa pelos cerca de 40 canais do TDT espanhol. "Até canais de rádio ouço. Mas não é que tenha muito tempo para isso", diz, recordando que além dos seis canais espanhóis nacionais, tem ainda acesso aos vários galegos, um desportivo, outro infantil e até um de séries norte-americanas.

Em toda Espanha, segundo dados oficiais do Governo, a cobertura pela rede convencional de TDT chega a 98% da população. Em Portugal, a PT, empresa responsável pela implementação do processo de migração do analógico para o digital, já tinha explicado que o acesso generalizado à TDT será feito através de centros emissores terrestres. Contudo, uma "pequena" percentagem da população terá acesso às emissões digitais através de uma tecnologia complementar, via satélite. Essa previsão passa por cobrir 92% da população com a rede convencional e nas zonas "sombra" os utilizadores terão de gastar 116 euros, para assegurar a cobertura satélite. Tratando-se de um meio complementar de cobertura, pelo kit que engloba descodificador e antena parabólica, a PT, empresa encarregada de montar a rede nacional de TDT, não pode cobrar mais de 55 euros ao cliente, acrescidos de 61 euros pela instalação.

Já Márcio Alves continua sem perceber o porquê das diferenças. "Porque é que não colocam um emissor da nossa TDT para nos servir. A nós, portugueses?", questiona. Ao mesmo tempo recorda o caso dos telemóveis e a "dor de cabeça" pela qual passa quem vive na fronteira. "Basta uma distração e ter o telemóvel em busca de rede automática e sem nos apercebemos já estamos a falar, com a rede espanhola. Depois é só pagar a conta", afirma.

A situação é vivida um pouco por todo o vale do rio Minho, do lado português, onde a cobertura por parte dos operadores das redes móveis espanholas substitui, em roaming, as operadoras nacionais, com várias zonas de sombra. "Estamos a pagar para receber chamadas no estrangeiro, mas nem saímos de casa. Parece engraçado, mas não é assim", desabafa Márcio Alves.

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