De novo o balão de oxigénio do turismo

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Em abril, a atividade turística ultrapassou os níveis registados antes da pandemia, em 2019. É certo que essa recuperação se deveu, em boa medida, a turistas nacionais, que aproveitaram o período da Páscoa para umas curtas férias. Mas a ANA - Aeroportos de Portugal prevê que, nesta época de primavera/verão (do início de abril ao final de outubro), o setor das viagens aéreas fique nos 97% dos valores de 2019. Ou seja, também no que toca a turistas internacionais se antevê uma franca recuperação.

Tudo isto para dizer que o turismo em Portugal está a recuperar mais depressa do que esperado, depois da tempestade que se abateu sobre o setor na fase crítica da pandemia.

De resto, o crescimento económico do primeiro trimestre deste ano foi fortemente impulsionado pela consistente retoma da atividade turística. Sujeita a um choque externo negativo, em resultado do impacto da guerra na Ucrânia nas importações de combustíveis, a economia portuguesa tem encontrado no turismo um importante fator de equilíbrio da sua balança de pagamentos.

Tal como se verificou nos anos pós-troika, o turismo é de novo o balão de oxigénio da economia nacional, amortecendo os impactos negativos sobre o PIB e o emprego. O setor não deve, pois, ser olhado com desdém. Embora seja evidente que, à semelhança de muitos outros setores, o turismo tem problemas estruturais a resolver, designadamente o escasso valor acrescentado de muitas das suas atividades e a precariedade e baixo nível salarial de muito do seu emprego.

A forte recuperação da atividade turística mostra ainda como foram úteis e proveitosos os apoios públicos aos setores mais fustigados pela crise sanitária. Antes da pandemia, em 2019, o setor turístico valia 35 mil milhões de euros, representando 16,2% do PIB nacional. Voltar a estes valores é bem auspicioso para a economia, numa altura em que por um lado devemos maximizar as oportunidades de financiamento abertas pelos novos fundos europeus e por outro temos de recuperar dos atrasos da pandemia e minimizar os efeitos da guerra.

Faz, pois, todo o sentido que se criem em Portugal condições para um desenvolvimento estratégico do turismo, de modo a que o setor ganhe valor acrescentado, produza mais inovação, atraia mais talento e seja mais sustentável, tanto ambiental como socialmente.
Isto passa também por resolver questões infraestruturais como o novo aeroporto de Lisboa ou a melhoria da rede ferroviária.

Presidente da ANJE- Associação Nacional de Jovens Empresários

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