Descendente da casa real decidiu apostar na cerveja para conquistar brasileiros

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Um descendente da família real resolveu apostar na produção de cerveja

para conquistar os brasileiros da pequena Cidade Imperial, como é

conhecida Petrópolis.

Há 15 anos, o brasileiro Francisco de Orléans e Bragança, 56 anos,

trineto de D. Pedro II, aventurou-se no mercado de cerveja e decidiu

criar a marca "Cidade Imperial", uma homenagem à cidade fundada pelo

soberano, em 1843.

De 'microcervejaria' com uma produção mensal de menos de sete mil litros

por mês, a marca conquistou os petropolitanos, cariocas e já começa a

entrar no mercado paulista.

Hoje, a cervejaria real produz em média 60 mil litros por mês com

grandes perspetivas de aumento. Nos meses de verão, a produção chega a

86 mil litros por mês.

"Eu queria criar algo completamente diferente que não fosse dentro do

que a minha família sempre fez. Meus pais e tios sempre beberam mais

cerveja que vinho. Aprendi a fazer cerveja, sou economista e gostei

muito", disse à Lusa Francisco de Orleans e Bragança. Após uma série de

viagens aos Estados Unidos e Europa, resolveu apostar no ramo.

De colonização alemã, a cidade de Petrópolis, localizada na região

serrana a 70 quilómetros do Rio de Janeiro, mantém uma forte tradição de

cerveja, tendo sido a primeira cidade a produzir a bebida.

A Cidade Imperial é a única 'microcervejaria' do país com sistema de

engarrafamento industrial tendo capacidade para a produção de três mil

garrafas por hora. A opção por conquistar um público personalizado

deve-se à produção apenas de garrafas 'long-neck' de 350 mililitros.

Segundo a empresa, a cervejaria segue ainda os padrões da lei da pureza

alemã e todos os produtos são elaborados com malte, lúpulo e fermento.

Francisco de Orléans e Bragança admite não ter sido fácil inserir-se no

mercado e manter o negócio. Inicialmente localizada no Vale da Boa

Esperança, a fábrica enfrentou duas cheias que paralisaram por completo a

produção.

A última foi em janeiro de 2011, quando uma chuva torrencial devastou a

região serrana e a Cidade Imperial não foi poupada. O prejuízo

contabilizou 650 mil euros.

"Pensámos em fechar, mas os clientes demonstraram carinho e pediram que a

gente não fechasse", lembrou. A cheia paralisou a produção da

cervejaria durante três meses.

Há quatro meses na nova sede, junto do centro histórico da cidade e com

um investimento de um milhão de euros, Francisco de Orléans e Bragança

já faz planos para a Cidade Imperial e quer inserir a marca no circuito

turístico de degustação.

Apesar de a distribuição ainda ser restrita ao Estado do Rio de Janeiro e

à cidade de São Paulo, o empresário espera expandir-se para o mercado

português, embora admitindo que será difícil.

"Já tivemos uma experiência de exportação para Espanha. O mercado de cerveja é muito acirrado", realçou.

A cervejaria real produz três tipos. A chamada Cidade Imperial clara

tipo Pilsen, médio teor alcoólico e sabor suave. Com os mesmos padrões

da cerveja branca, a Cidade Imperial preta possui sabor caramelizado.

Já a Helles München, lançada há pouco tempo, tem um sabor acentuado,

maior concentração de malte, cor âmbar e possui teor alcoólico de seis

por cento.

Segundo disse à Lusa Rafael Farinha, 70 anos e há 40 como mestre cervejeiro, fazer cerveja é uma arte.

"É a finura. O cliente é exigente, tem que fazer um produto bom. Nada pode escapar, o odor, o gosto e a espuma".

Segundo Farinha, que trabalha na produção da bebida desde os seus 16

anos, o que diferencia a cerveja é a sua composição, o tipo de malte e a

fermentação.

A Cidade Imperial trabalha com baixa fermentação até 15 graus e com água pura captada a mais de 100 metros de profundidade.

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