Desemprego no Algarve "preocupa" mas fica abaixo de valores de 2020

A delegada regional do Algarve do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) classificou hoje como "preocupante" o aumento do desemprego na região, mas frisou que os números de fevereiro estão abaixo dos registados no primeiro confinamento, em 2020.
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Ao fazer um balanço dos efeitos de um ano de pandemia de covid-19 no emprego do Algarve, Madalena Feu disse à agência Lusa que os 74,4% de aumento homólogo do desemprego registados em fevereiro deste ano estão ainda distantes dos valores de maio, junho e julho do ano passado, quando houve crescimentos homólogos de 202,4%, 231,8% e 216,6%, respetivamente.

A delegada regional do IEFP considerou, por isso, que o impacto registado no primeiro confinamento, a partir de março de 2020, foi "maior" do que o registado em janeiro e fevereiro deste ano, mês no qual houve um total de 33.459 inscritos à procura de emprego nos serviços de emprego regionais.

"Sendo o Algarve uma região que tem vivido praticamente quase em exclusivo do turismo e de todas as atividades a elas associadas, teve como principal consequência um desemprego mais elevado do que no resto do país", reconheceu Madalena Feu.

No entanto, "se forem verificados só os números de fevereiro", e "apesar de estarem bastante elevados", ainda "não seriam tão altos como foram o ano passado", contrapôs.

A delegada do IEFP no Algarve sustentou esta posição comparando o aumento homólogo de 74,4% registado no último mês, em pleno segundo confinamento, com os meses que se seguiram ao início do primeiro confinamento, a partir de março de 2020, quando foram atingidos "crescimentos, face ao homólogo, na ordem de 202,4% em maio, de 231,8% em junho e 216,6% em julho".

"Se 2020 foi um primeiro embate à pandemia, hoje podemos dizer que estamos mais preparados", justificou, considerando que o reorganização dos serviços para se adaptarem e responderem em tempo de pandemia, assim como a importância das medidas públicas de apoio ao emprego e à economia, "contribuíram para que se controlassem os números de forma mais eficaz".

Já nos dois primeiros meses deste ano, "ao longo do mês de janeiro procuraram emprego 3.707 pessoas" e "em fevereiro 2.587", enquanto em "fevereiro do ano passado, que não estávamos em pandemia, a procura ao longo do mês foi de 2.255", disse, observando que "não é uma diferença muito grande".

A mesma fonte admitiu que, mesmo assim, "preocupam" o crescimento homólogo e os 33.459 inscritos nos centros de emprego em fevereiro, perante a "incerteza" que subsiste quanto ao impacto futuro da pandemia na economia e a evolução do processo de vacinação contra a covid-19.

De acordo com o IEFP, no final de fevereiro, estavam registados nos serviços de emprego do continente e regiões autónomas 431.843 desempregados. Dos aumentos homólogos, o mais pronunciado deu-se na região do Algarve (com mais 74,4%), seguido de Lisboa e Vale do Tejo (com mais 52,9%) e da região da Madeira, com mais 30,4%.

Madalena Feu disse também que, em fevereiro de 2021, as mulheres continuaram a ter um "peso maior do que os homens" nos desempregados, com "55,2%, face a 44,8% dos homens", mas sublinhou que esta é uma tendência habitual no Algarve.

O "peso de pessoas à procura de novo emprego é muito maior do que à procura do primeiro emprego" e os números mostram que, em fevereiro, "96,4% das pessoas desempregadas inscritas procuravam novo emprego", enquanto "à procura do primeiro emprego houve 3,6%", números também "próximos" dos verificados em 2020 ou 2019.

"O peso da faixa etária entre 35 e 54 anos é aquele que representa o maior número de desempregados, com 43,8%, mas se se juntar a faixa dos 25 aos 34 anos, que tem um peso de 25,9%, à faixa etária dos 35 aos 54 anos, representa 69,7% do desemprego da nossa região, mas estes valores estão também muito próximos dos anos anteriores", referiu.

Madalena Feu disse ainda que os inscritos com o "3.º ciclo (de escolaridade) e o secundário" representam "60,6% do desemprego no Algarve".

Embora sem quantificar, aquela responsável disse haver um "aumento do número de estrangeiros inscritos", adiantando que a maioria são "brasileiros, seguidos de indianos e nepaleses".

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