O endividamento das empresas públicas atingiu os 30.608 milhões de euros no final do primeiro semestre deste ano, de acordo com o mais recente relatório da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização (UTAM) do Setor Público Empresarial relativo ao segundo trimestre deste ano.
Este valor representa uma redução de 1388 milhões de euros relativamente ao montante das dívidas registadas em igual período de 2016. Em termos trimestrais, no entanto, verifica-se um aumento de 293,3 milhões de euros face aos 30.315 milhões registados no final do primeiro trimestre deste ano.
O valor do endividamento ficou ainda, por outro lado, bem acima do objetivo expresso nos orçamentos das empresas: mais 4832 milhões.
Para a diminuição homóloga contribuíram sobretudo a Carris, que entretanto passou para a competência da câmara de Lisboa (-673 milhões), a CP (-422 milhões), o Metropolitano de Lisboa (-303), a Empordef, entretanto extinta (-209,1) e a Parpública (-175,4).
A Parque Expo, que no final de março tinha uma dívida de 113,5 milhões, não aparece no relatório do segundo trimestre. Por outro lado, a ENMC – Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis, em processo de extinção, que no relatório do primeiro trimestre não constava na lista, aparece agora com uma dívida de 359,5 milhões.
No relatório agora divulgado a UTAM não faz qualquer referência à comparação com os dados do endividamento registados no final do primeiro semestre de 2016 nem com os verificados no primeiro trimestre deste ano, optando por fazer em relação ao final de 2016.
Da análise trimestral podemos concluir que os maiores agravamentos ocorreram no Metro do Porto (+165,8 milhões de euros do que em março), na Parvalorem (+18,4), na IP (+15,5), na Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (+7,4) e na Parups (+4,4).
A UTAM salienta que o setor dos transportes e armazenagem teve o “contributo mais importante” para o aumento dos endividamento, com um “incremento de 96 milhões de euros em relação ao final de 2016, com destaque para o contributo da Metro do Porto, em cerca de 182 milhões de euros.”
“O maior desvio de previsão face aos orçamentos das empresas verificou-se no setor dos transportes, cujo endividamento foi superior ao objetivo expresso nos orçamentos das empresas em cerca de 4,9 mil milhões de euros, decorrente essencialmente do desvio de previsão registado pela IP, de cerca de 3,9 mil milhões de euros”, lê-se ainda no relatório da UTAM.
Este organismo tutelado pelo Ministério das Finanças explica ainda que o desvio registado na IP “decorre essencialmente do adiamento da conversão de créditos em capital, operação inicialmente prevista para o primeiro trimestre de 2017”.
Em termos absolutos, as empresas com o maior nível de endividamento continuam a ser a IP (empresa que resultou da fusão entre a Refer - Rede Ferroviária Nacional e a EP – Estradas de Portugal) com 8.364,9 milhões de euros, a Parvalorem (uma das empresas que resultou do ex-BPN) cmo 4.424,7 milhões, e a Parpública, com 3.710,8 milhões de euros.
Das 66 empresas que constam no relatório do segundo trimestre deste ano, 24 apresentavam endividamento, menos duas do que no relatório do período homólogo, e mais do que no relatório do primeiro trimestre.
Prejuízos descem para 234,2 milhões
Os dados da UTAM revelam ainda que os prejuízos das empresas públicas ascenderam a 234,2 milhões de euros no final de junho deste ano, o que representa uma descida de 98,5 milhões relativamente ao período homólogo de 2016. Em termos trimestrais, a redução é de 60,1 milhões e em relação às previsões de 103,5 milhões.
As empresas com mais prejuízos eram a CP, com 58,1 milhões, a Parvalorem (65,5), o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (34,3), o Metro do Porto (33,9) e o Centro Hospitalar do Porto (24,7).
Em sentido contrário, as empresas com os melhores resultados líquidos foram a Águas de Portugal SGPS, com 55,6 milhões, a IP (47,8), Parpública (41,6), a Parque Escolar (13,6), a Estamo – Sociedade Gestora de Participações Imobiliárias (13,4), e a APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve (10,6).
Em termos globais, 32 empresas apresentavam resultados líquidos positivos e 48 davam prejuízos.
Gastos operacionais sobem em 711 milhões
O relatório da UTAM revela ainda que os gastos operacionais das empresas públicas totalizaram os 3.451,2 milhões de euros no final do primeiro semestre deste ano, o que representa um acréscimo de 83,4 milhões em relação ao valor homólogo que consta no relatório agora divulgado. Se compararmos com o valor que foi inscrito no relatório do segundo trimestre de 2016, verifica-se, no entanto, que os gastos operacionais totalizavam 2.739,4 milhões, ou seja, menos 628,2 milhões do valor que aparece no documento acabado de divulgar pela UTAM.
Em termos trimestrais, o aumento dos gastos operacionais é ainda mais expressivo: 1.724,7 milhões.
Na análise que faz dos números, a UTAM limita-se a avaliar a evolução homóloga. O aumento de 83 milhões ficou a dever-se “sobretudo ao setor da saúde, cujos gastos operacionais aumentaram 129 milhões de euros (5%) face ao período homólogo. Nove das dez empresas que mais aumentaram os seus gastos operacionais são deste setor”, lê-se no relatório.