Segundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, as vendas (em leilões) entre 20 e 24 de abril foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 109,778 kwanzas (93 cêntimos de euro) por cada dólar, renovando máximos de vários meses.
Nas últimas cinco semanas, a injeção de divisas pelo BNA rondou (até) 310 milhões de dólares (285 milhões de euros) semanais, mas persistem as dificuldades de empresas e clientes no acesso a divisas nos bancos comerciais.
O dólar norte-americano disparou mais de 10%, face ao kwanza angolano, nos últimos seis meses, acompanhando a escassez de divisas devido à quebra nas receitas petrolíferas e com reflexos no custo de vida.
Entretanto, cada nota de dólar continua a ser transacionada nas ruas de Luanda a mais de 160 kwanzas, sendo este um recurso devido às limitações no acesso a divisas pelo sistema bancário.
Entretanto, algumas indústrias têm vindo a confirmar a redução da atividade laboral devido à falta de acesso a matéria-prima importada, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais (em divisas).
Em 2014, até ao mês de outubro, a venda de cada dólar cifrou-se sempre em menos de 100 kwanzas.
A situação reflete-se também no dia-a-dia, no aumento dos preços (reconhecido pelas autoridades angolanas), com o argumento da grande dependência angolana das importações. Transações que são feitas em dólares e que, por isso, estarão agora mais caras, face ao kwanza, afetando nomeadamente produtos alimentares.
O petróleo representou cerca de 70% das receitas fiscais angolanas em 2014, mas a quebra da cotação internacional do barril de crude deverá fazer descer esse peso, segundo o Governo, para 36,5% em 2015 e já obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado para este ano.